A engenharia é uma das áreas mais importantes da atualidade e está presente em quase tudo do nosso dia a dia. Hoje existem os computadores, pontes, celulares, carros, GPS, entre outras infinidade de façanhas fruto da engenharia. Mas o que existe nos dias de hoje possui uma origem, uma trajetória, uma razão e um objetivo, e com a Engenharia não é diferente. Assim, iremos apresentar a evolução da Engenharia para contribuir com o entendimento da real importância do engenheiro e da sua profissão.
Engenharia Antiga:
A engenharia e a humanidade estão intimamente ligados, talvez não da forma que vemos na atualidade. A simples criação de ferramentas é um feito de engenharia, pois envolve o conhecimento de talhar as pedras, unir com um pedaço de madeira e utilizar da maneira mais inteligente esse objeto.
Com a evolução do conhecimento, novas técnicas, materiais e ferramentas foram desenvolvidas para atender as necessidades das pessoas. Com isso o ser humano conseguiu domesticar animais e produzir plantios, assim as populações começaram a se fixar e a se adaptarem ao local. Isso permitiu o desenvolvimento de diversas áreas, como a própria agricultura, construções, metalurgia, entre outras.
Dessa forma, cada sociedade teve que enfrentar diferentes situações e o reflexo disso são conhecimentos e soluções distintas entre si. Então, analisar esta parte da história da engenharia é entender as condições em que as pessoas viviam, os seus materiais, os conhecimentos disponíveis e as necessidades da sociedade naquela época. Todavia, o conhecimento e as soluções não eram totalmentes exclusivos, pois a interação entre os povos permitia, além da troca de produtos e materiais, a troca de conhecimento.
Temos diversos exemplos de proezas da engenharia antiga como as grandes pirâmides do Egito, as pontes e aquedutos romanos, as armas de fogo, bússola, os relógios mecânicos, os moinhos, as cavalarias, despertadores, barcos de madeira, portos, entre outros feitos.
Mas o principal marco dessa época foi a criação da Engenharia militar, considerada para a maior parte dos estudiosos como a primeira. Essa visão é sustentada pela criação de um corpo focado para assuntos militares pelo Império romano.
Engenharia Moderna:
Mesmo com todo o avanço da engenharia ao longo dos anos, ela se deu a partir de resultados empíricos. No século XVI começou-se a produzir conhecimentos teóricos para compreender a realidade e, para alguns estudiosos, ali de fato seria a formação da engenharia ( contrapondo com a visão anterior).
Os conhecimentos da engenharia militar começaram a ser aplicados para melhorar a qualidade de vida das pessoas, com isso temos a divisão da engenharia em dois ramos, a Engenharia Militar e a Engenharia Civil.
Mas apenas no ano de 1747 temos a criação de um curso de engenharia, isso se deu com a criação da École Nationale des Ponts et Chaussés, localizada em Paris, voltada para a Engenharia Civil. Com isso, novas instituições e cursos foram criadas na Europa e Estados Unidos.
No final do século XVII, temos a criação da máquina a vapor, mas com a Revolução Industrial temos uma grande diversidade de máquinas e, com isso, a necessidade de um novo ramo, assim surge a Engenharia mecânica.
A eletricidade era algo já conhecido pelos Sumérios e a magnetita era usada na china a mais de 4000 anos atrás, mas a humanidade começou a compreender o electromagnetismo apenas no séc. XVI. Mas a Engenharia Elétrica surgiu no século XIX com as equações de Maxwell, isso permitiu uma grande mudança na vidas das pessoas, marcando a 2ª Revolução Industrial.
Ainda no contexto da Primeira Revolução Industrial, existia um grande problema, principalmente para a indústria, que era a grande necessidade de recursos para as fábricas e a dificuldade de obter matéria prima de qualidade. Como solucionar essa situação? Assim foi formado o primeiro curso de Engenharia química na Universidade de Manchester em 1887, como uma forma de solução desse problema.
Mas, para o mesmo problema anterior, como entender o processo das fábricas e torná-las mais produtiva? Com essa linha de pensamento surgiu a Engenharia de Produção.
Com o passar do tempo, cada Engenharia evoluiu de diferente formas, como a mecânica, que criou a produção de veículos como o carro e o caminhão, a civil que também trabalha com Geoprocessamento. Além de novas engenharias criadas para atender às novas necessidades, como a Engenharia Ambiental, Aeroespacial, computação.
Mas, e o Brasil?
A engenharia já existia com as populações nativas, os índios já possuíam ferramentas, exemplo disso é a zarabatana, existiam estratégias de guerra e todo um conhecimento da região que são feitos de engenharia.
Mesmo com a “descoberta” do Brasil em 1500, as primeiras ações militares de proteção foram feitas 30 anos depois para impedir invasores de outras nações. Essa preocupação era tanta que o Rei Sebastião criou a Escola Particular de Moços Fidalgos do Paço da Ribeira para ensinar o conhecimento militar para os nobres que iriam para as colônias.
Depois da extração do pau-brasil, veio o ciclo do açúcar, onde temos a utilização de métodos e maquinários conhecidos pelos portugueses e introduzidos no território brasileiro, mas para suprir a mão de obra local os colonizadores utilizavam escravos vindos do continente africano.
Em 1630, parte da região nordeste foi conquistada pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais e até 1654 ( fim do domínio holandês) a região teve a melhora na sua infraestrutura, dessa relação os holandeses tiveram posse das técnicas e conhecimento na produção de açúcar.
Com a quedas dos lucros com o açúcar, principalmente pela concorrência holandesa, e com a descoberta de ouro e outras pedras preciosas na região que atualmente é Minas Gerais, teve-se o início do ciclo do ouro. Com esse ciclo veio novos conhecimentos e ferramentas para a extração e exportação da matéria prima.
Também no século XVII temos o desenvolvimento da Engenharia Militar em resposta a desvios e roubos feitos nas minas. Disso se gerou corpos especializados de engenheiros militares, pontes, estradas, portos, além da criação dos oficiais engenheiro, tudo voltado para a solução de problemas na época.
Já no século XVIII, no início do reinado de D. João V, Portugal começou a desenvolver o estudo de diversas áreas, inclusive a Engenharia, como forma de se equiparar com os outros países. Isso também, com menor proporção, no Brasil, com o desenvolvimento de um observatório astronômico que continuou nos reinados seguintes. Também tivemos o aumento do mapeamento do território, geração de novos núcleos urbanos, entre outros exemplos. Nesse período vemos muitos jovens indo estudar Engenharia na Europa.
Em 1792, surgiu os primeiros cursos de Engenharia no Brasil, com a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho. Esses cursos eram voltados para a área militar, mas tinham a opção de um ano de estudos voltados às situações do cotidiano.
Mas somente com a chegada da família real teve-se grandes transformações, como a modificação do curso da Real Academia, se assemelhando à École Polytechinique, referência da época, criando o centro de ensino da Engenharia no Rio de Janeiro.
Em 1858 temos a criação do curso da engenharia civil, sendo administrada pela Escola Central, enquanto a formação da engenharia militar seria pela Escola Militar e de Aplicações do Exército e ambas eram vinculadas ao ministério da Guerra até 1874. Em São Paulo, teve uma tentativa de criar um curso de Topografia, mas não se conseguiu prosseguir.
Com a proclamação da República, temos grandes mudanças no Brasil e, com isso, a necessidade de engenheiros capacitados para atender essas alterações, com isso, cinco novos cursos de Engenharia foram formados (isso inclui a Escola Politécnica), mas esse processo de evolução foi interrompido por causa da primeira guerra mundial.
Tivemos em 1931 a criação da Escola de Engenharia do Pará , mas a retomada de novas instituições de ensino de Engenharia só se deu em 1946, tanto que na década de 50 o Brasil tinha 28 escolas de Engenharia localizadas em 14 Estados da Federação.
No governo de Juscelino, tivemos uma nova industrialização no Brasil, isso ocasionou a criação de novos cursos de engenharia até 1980, quando o crescimento teve uma queda no número de instituições, mas nos anos 90 temos o crescimento do número de instituições.
Com todo esse resumo da história da Engenharia, poderia facilmente ser um trabalho de pesquisa, mostre que fazemos não é apenas se preparar para uma profissão, ou se preparar para vida acadêmica ou simplesmente morrer de tanto estudar e trabalhos, mas estamos manifestando parte da essência da humanidade e transformamos a nossa realidade.
Maikon Yukio
Engenharia Civil, 3° ano
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