O Politécnico viu: Rastros de um Sequestro

Depois de ter assistido a “Parasite” e visto o sucesso que se escalonou em seguida, resolvi procurar mais dos filmes coreanos. Quando li o nome, achei que seria horrível, mas a sinopse prometia, então fui ver. “Rastros de um sequestro” conta a história de um jovem que, após se mudar com a família, tem o irmão sequestrado. Dias após, o irmão retorna sem se lembrar de nada, porém agindo de maneira peculiar, o que causa estranheza no protagonista, Jin-seok. O filme nos prende à história rapidamente, fazendo acreditar estar em suspense ou thriller qualquer. Tem até jump scare no começo, com clássicas cenas de tensão.
 
É no segundo ato do filme que dá para perceber que a obra vai muito além de um suspense. As histórias que, até então, pareciam bem óbvias para alguém que tenha assistido a algum filme como “Corra!”, começam a se emaranhar até não fazerem nenhum sentido. Então, de forma bem didática, o diretor e roteirista Jang Hang-jun explica, enquanto você se ajeita no sofá, o que está acontecendo. Mergulhando nos personagens, quem assiste fica até perdido e não sabe “pra quem torcer”.
 
“Rastros de um sequestro”, assim, muda de gênero, deixa de ser suspense e vira um drama. Drama real, não é nada fantasioso, e isso é o que mais marca quando se assiste ao filme, pois dá para entender as motivações de cada um e se colocar no lugar deles. No terceiro ato, junto da explicação final, seguem-se mais reviravoltas, que, para quem não está acostumado ou não aprecia, podem diminuir a qualidade do drama – me pareceram, na verdade, muito bem colocadas e achei-as inteligentes, sem forçarem a barra.
 
No geral, o desfecho é coerente com a história e tem o tom de outras obras coreanas, ao finalizar de forma impactante. Como acontece em outras adaptações, a tradução do nome “기억의 밤”, no original coreano, para o português, deixou um pouco a desejar. O original seria algo como “Lembre da noite”, e o traduzido tem nome de filme qualquer da sessão da tarde, daqueles em que criança some. Já os atores foram impecáveis, tal qual o diretor, que também foi o escritor da obra. Para concluir, é bom avisar que o filme não poderia acontecer no Brasil, o SUS não permitiria!
 
Nota final: 9,5.
Arthur Belvel,
Engenharia Mecânica, 1º Ano

 
O que tem dentro do quarto? Por que não se pode entrar nele? Foi um sonho ou aconteceu mesmo? Essas foram algumas das várias dúvidas que ficaram reverberando em minha cabeça enquanto assistia “Rastros de um Sequestro”, filme original da Netflix dirigido pelo sul-coreano Jang Hang-jun. O longa, de uma hora e cinquenta minutos de duração, com seu enredo misterioso e instigante, consegue prender até os espectadores mais impacientes (grupo no qual me encaixo).
 
Contrapondo a complexidade da trama, o filme apresenta os demais traços bem mais simples. Centra-se em apenas 4 personagens, cujas personalidades e aspectos psíquicos não são muito explorados, com exceção do protagonista – Jin-Seok. Por diversas vezes, o espectador entra na cabeça da personagem, gerando a dúvida mencionada anteriormente: aconteceu mesmo ou é só imaginação dele? Ademais, a história delimita-se a poucos cenários, sendo o principal a casa da família. Achei estratégica essa simplificação, pois evita que o espectador desvie a atenção do elemento mais importante: a série de conflitos que compõem a história do filme.
 
A trilha sonora e efeitos visuais (posicionamento da câmera e iluminação) fizeram com que eu sentisse a todo tempo o clima de tensão digno da história, com o bônus – ou ônus – de ter levado alguns sustos também. Essa construção me lembrou muito de “Parasita”, obra também sul-coreana vencedora do Oscar deste ano. Por diversas vezes no filme, peguei-me investigando o caso junto com o protagonista. Que barulho será esse? A lapiseira tava sem ponta? Reparava em cada detalhe que pudesse responder às dúvidas que surgiam em minha mente. Fiz várias teorias acerca de qual seria o possível desfecho, mas nenhuma chegou perto do real final. Os últimos 30 minutos do filme ligaram todos os “pontos soltos” que haviam sido levantados, além de compor um plot twist magistral. Isso fez com que, mesmo após o término, eu permanecesse o “digerindo” e processando todas as informações transmitidas.
 
Nota: 8,5
Thalissa Reis,
Engenharia de Produção, 1° Ano
 

Nessa história acompanhamos a vida de Jin-Seok, um jovem de 21 anos, sua família acabou de mudar para uma nova casa e tudo parecia bem, mesmo que em um dos quartos, em que o antigo dono deixou alguns pertences e pediu para não entrar no local, fizesse barulhos estranhos. Além disso vemos a relação entre o protagonista com seu irmão mais velho Yoo-Seok, aquela pessoa que era bom em tudo. Mas em uma noite o seu irmão é sequestrado e, depois de voltar sem alguma explicação após 19 dias, Jin nota atitudes estranhas por parte dele.
Esse filme me surpreendeu positivamente, principalmente com os acontecimentos irem de forma fluída e natural, além disso temos os plot twist são bens construídos. Mas é difícil não comparar com “Ilha do Medo” do Martin Scorsese e, mesmo com bases parecidas, trabalham de diferentes formas e alcançam resultados distintos. Alguns detalhes que podem ser levantados, mas dificilmente se repara. Outro ponto positivo é a relação entre Jin e Yoo que muda ao passar do filme que se dá a dupla Kang Ha-Neul (Jin-Seok) e Kim Mu-Veol (Yoo-Seok).
 
Nota: 9,0
Maikon Maikon Yukio
Engenharia Civil, 3° ano

 
Desde o início do filme podemos perceber uma relação meio estranha na dinâmica da família Seok, onde todos os membros sempre interrompiam as perguntas ou mudavam de assunto quando o filho mais novo, Jin-Seok, começava a se questionar, não deixando ele pensar além do necessário.
 
Inicialmente, o filme vende a ideia de ser um terror sobrenatural, levando a crer que existe uma entidade maligna atuando dentro círculo familiar. O fato do filme iniciar com o clichê clássico de uma família sorridente se mudando para uma nova casa onde coisas estranhas acontecem num quarto trancado, só reforçam o estereótipo. Todavia, o filme é mais do que isso, somos conduzidos a uma série de reviravoltas totalmente inesperadas que envolve vingança, psicologia e até uma “viagem no tempo”.
 
Acima de tudo, “Rastros de um Sequestro” fala sobre moral, limite da condição humana e como nossas ações podem gerar marcas definitivas em nossas vidas. É sobre como devemos lidar com as consequências de nossas atitudes e como elas geram impacto além de nós mesmos.
 
O cinema sul coreano está em moda, lançados filmes de qualidade e abordando a própria historia e cultura por meio estruturas já consagradas. “Parasita”, “Invasão Zumbi” e” A Criada” são exemplos de obras cinematográficas que chamaram a atenção do público nos últimos ano. “Rastros de um sequestro”, lançado em 2017, foi um achado que voltou a ganhar atenção com e com certeza merece uma chance nas suas férias!
 
Nota: 8
Roberto Araújo,
Engenharia Civil, 3°Ano

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