Assim que acordei, vi a mensagem do Roberto mostrando o “enigma” que tínhamos recebido. Olhei rápido e pensei que seria bobagem. Algo como o menino do Acre.
O título do texto e o nome do documento batiam com o número de símbolos, o que indicava um caminho pra resolver. Preenchi o texto colocando os símbolos que o título ensinou e, na hora, deu pra notar algo estranho: aquilo não deveria estar em português. Se esttivesse, estaria esccrito dessta formma, pois havia mais símbolos que duplicavam do que na nossa língua (em que apenas o “r” e o “s” o fazem).
Além disso, haveria de, fora os símbolos, estar criptografado de alguma forma. Isso era bem óbvio: “Minnuniciq rakuqruq” não faz nenhum sentido. Contei o número de letras e supus algumas coisas: todas as vogais (no caso, “a”, “i” e “u”) deveriam ser, de fato, vogais, mas provavelmente o “a” estava trocado com o “u”, devido à frequência dessas letras. Pensei em formas e formas de decifrar aquilo e encontrar algo em português, mas tudo me indicava que, se não fosse uma trolagem (o que considerei veementemente), seria em outra língua. As palavras são longas, não há palavras de uma letra (como “a”, “e” ou “o”), nem de duas (“de”, “da”, etc).
Houve um ponto chave pra garantir que não era português. Na segunda linha, temos uma palavra palíndroma com três letras, dentro do código, análoga a “Nun”. Ela reaparece perto do fim do texto. Fato é que nenhuma palavra desse tipo e que coubesse naquele “contexto” servia. Foi o mais perto de desistir que chegamos.
Então, sem outras alternativas, procuramos o que poderia ser aquilo. Atento ao email do remetente, um termo foi a chave: “pirrununki”. Separei essa palavra no meio (“pirru nunki”) e joguei no google. Resolvido. Era uma língua criada para um anime, “Violet Evergarden”, o nunkish. Há uns dois anos, alguns fãs se juntaram e desvendaram como a língua havia sido feita.
Para criar o nunkish, pega-se um texto em tâmil romanizado (uma língua da Índia), trocam-se algumas letras por outras (inclusive, o “a” pelo “u”) e pronto. Basta “destrocar” as letras e traduzir o texto do tâmil para outra língua. Na internet, há algumas fontes disponíveis que servem para escrever com esses símbolos do nunkish.
Trocamos dos símbolos para o nosso alfabeto (romanização). O usuário de Reddit que desvendou o nunkish também montou um código em Python para traduzir os textos. Traduzimos e, a partir do texto em inglês, fiz uma tradução livre que, obviamente, continha apenas as ideias do texto original, mas com as modificações inerentes às traduções — erros inclusos. O resultado foi um poema bem bonitinho. Ufa, não foi o Jubinladen dessa vez.
Com nossa versão em mãos do poema, contatamos o autor, que nos confirmou a tradução. Enviou, também, sua versão original (a que não passou pelas diversas traduções). Gostei bastante do resultado, assim como do texto original. Não há enigma que a equipe dO Politécnico não vá resolver rs. Como aprendizado, passarei a dar mais atenção aos otakus da Poli.
Arthur Belvel,
Engenharia Mecânica, 1º Ano
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