A Poli pode, muitas vezes, ser um ambiente hostil e desestimulador, com isso em vista, quando decidi entrar para o Grêmio, não tive dúvidas, queria ser diretor acadêmico, para que de alguma forma pudesse aliviar a vida de cada Politécnico.
A partir desse momento, comecei a descobrir um mundo totalmente novo para mim, o da Representação Discente. A Poli se divide em órgãos centrais: Congregação, Comissão de Graduação, Comissão de Cultura e Extensão entre outros. A Comissão de Ciclo Básico (CCB) é mais recente desse orgãos e foi nessa instância em que eu escolhi me candidatar por acreditar que esta é a fase determinante para como o aluno irá enxergar sua experiência dentro da faculdade.
A CCB tem uma primeira prioridade antes do começo das aulas: mais vagas nas turmas para aluno de DP e esse foi meu primeiro grande choque, perceber como muitos professores podem ser insensíveis às necessidades dos alunos e como nós passamos, diversas vezes, a ser enxergados como números, sem face nem identidade. Em contrapartida, eu passei a valorizar mais os Professores Neiva, Paiva e a Amélia que batalham ferrenhamente junto aos RDs para que nenhum aluno fique sem turma, negociando o número de vagas em cada turma com os diversos coordenadores.
Ao entrarmos em março, período antes da P1 no qual, geralmente, a dinâmica de trabalho é mais leve, somos pegos de surpresa com o isolamento social e a nova necessidade de sermos mediadores da transição das aulas presenciais para EAD. No Biênio, em questão de logística, se difere muito de qualquer outro departamento da Poli por um simples motivo: a grande maioria de nossos professores não são da nossa faculdade. A partir desse ponto, nosso trabalho virou de cabeça para baixo e nossos dias passaram a ser intensas reuniões e trocas de emails negociando diversos detalhes com cada disciplina.
Primeiramente, nossa preocupação foi que os professores não abandonassem seus alunos, e, para minha surpresa, a reação negativa dos docentes em se manterem ativos no EAD foi enorme, vencida parcialmente essa barreira, surgiu uma ainda maior, visto que a Poli presencial não voltaria tão cedo: avaliações online. E, depois de muita luta, conseguimos que algumas matérias aplicassem avaliações e não continuassem crendo no absurdo de só realizá-las presencialmente. Porém, ao mesmo tempo que está sendo necessário dialogar com negacionista que ainda não estão entendendo o momento em que nós, como Universidade, vivemos, surgiu uma nova luta: fazer com que os professores, que iriam aplicar as provas, deixassem de nos enxergar como números e máquinas de cola e, sim, como pessoas, com saúde mental abalada e com necessidades diferentes entre si. E assim evitar que os alunos em vulnerabilidade social não sejam sacrificados em nome da “lisura” do processo, afinal, as avaliações deveriam fazer parte do aprendizado e não ser uma ação punitiva.
Passado esse primeiro período de avaliações, que para nós, alunos, foi no mínimo desastroso, iniciamos um novo ciclos com essas mesmas velhas lutas e com a esperança de que as coisa possa ser melhores e mais humanizada. Só espero, ao final do ano, poder olhar para trás e me orgulhar do que construí como representante do alunos e saber que a vida de pelo menos uma pessoa foi melhor por causa do meu trabalho. Peço perdão pelos erros e garanto que a cada dia meu único pensamento é poder servir vocês melhor.
Gianlucca Crescenzi
Engenharia de Materiais, 3° ano
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