Muitos dos que estão lendo desenvolveram uma melhor interpretação de texto com questões baseadas em tirinhas da Mafalda. Quase todo livro didático tem, já apareceu na Fuvest várias vezes, e, principalmente, estava na sua prova de português. Essa obra se tornou tão grande que é até “piada”: Mafalda, Calvin (Calvin e Hobbes) e Hagar (Hagar, o Horrível) “adoram ferrar com sua prova de português”.
Surpreendente como soa, Mafalda foi publicada apenas entre 1964 e 1973. O autor estava “sem ideias”, embora tenha continuado escrevendo histórias em quadrinhos. Surpreendente, porque os questionamentos de Mafalda, 50 anos depois de suas publicações, poderiam ter sido feitos ontem. Surpreendente, pois os questionamentos que Mafalda levantou não foram todos respondidos. Sua preocupação com a humanidade e a paz mundial são eternos, tais quais suas denúncias em forma de perguntas.
Joaquín Salvador Lavado Tejón. Quino. A perda do dia, no fim de setembro deste ano cinza de 2020. Argentino, nascido em 1932, filho de imigrantes espanhóis. O apelido “Quino” era pra diferenciar do seu tio. A semelhança desses dois não ficou só no nome, Joaquín-tio, ilustrador, foi quem introduziu Quino ao mundo das artes.
Cresceu e já bem jovem estava decidido a desenhar humor. Suas primeiras publicações saíram desde 1954, mas foi em 1964 que ele criou a sua obra-prima: Mafalda. Era para ser uma personagem destinada a uma propaganda, mas, mesmo depois de cancelada a propaganda, Quino não abandonou a personagem e, em 29 de setembro de 1964, Mafalda começa a ser publicada. Foi o pontapé para que sua carreira se tornasse de sucesso internacional.
Quino impactou gerações com sua criação. Mais que uma representação da Argentina nos anos 60, Mafalda se tornou símbolo de diversas pautas, apresentando ao mundo ideias progressistas. Esse impacto é real, e as obras de Quino se difundiram tanto que se pode afirmar sem titubear, como mostrado acima, você já leu algo da Mafalda. Quino é reconhecido por todo o mundo, e sua obra já foi traduzida para dezenas de línguas.
Sem dúvidas, é uma perda tremenda para a cultura latinoamericana. Esse cartunista não apenas foi excelente em sátiras, mas muitos aprenderam com ele a fazê-las. Esse cartunista que escrevia para periódicos argentinos criou um dos símbolos da rebeldia, algo tão urgente nos tempos em que Mafalda foi escrita. A representação de sua principal personagem junto ao globo “modelo reduzido” acabou se tornando uma metáfora para a vida real: Mafalda é do tamanho do mundo. É dessa forma que Quino se eterniza. Na luta pelo aumento da “pequeninha Liberdade”, pela paz e justiça, colocou muita cabeça pra pensar e, sobretudo, questionar. Nesta quarta, damos adeus ao Quino, mas jamais ao seu legado.
Arthur Belvel Fernandes,
Engenharia Mecânica, 1° Ano
Thalissa Reis,
Engenharia de Produção, 1° Ano
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