O mito da caverna de Platão é uma daquelas histórias que sempre nos seguem, seja em uma sala de aula ou na vida real. O “Show de Truman” é sua versão moderna: o que aconteceria se um ser humano fosse vivesse, desde sempre, em um ambiente manipulado, e, o mais importante, o que faria com que Truman – interpretado por ninguém menos que Jim Carrey – percebesse o quão falso sua realidade era?
O que mais me chama a atenção é as palavras do criador do criador-diretor do show: “Não há mais verdades lá fora que no mundo que eu criei para você. As mesmas mentiras, as mesmas ilusões… Mas, no meu mundo, você não tem do que ter medo.”
Quantas vezes nos vemos no nosso próprio mundinho criado, onde ignoramos as preocupações e apenas ficamos na nossa zona de conforto? Aqui, não precisamos “ter medo”, pois, isolados de tudo, não haverá problemas. Se não há mais verdades do lado de lá, por que sair do de cá?
Há muitos outros níveis de reflexões nesse filme, mas a minha favorita é: o que seria suficiente para nos fazer deixar nossa caixinha? As mentiras e incoerências motivaram Truman a questionar o seu mundo: diante dos indícios de uma realidade exterior, ele fez de tudo para buscá-la, até enfrentar seus piores menos. Seríamos capazes de fazer o mesmo, em busca de algo maior?
Nota: 8/10
Samira Paulino,
Engenharia de Petróleo, 1º Ano
Com um enredo descontraído e descomplicado, “O Show de Truman”, dirigido por Peter Weir, além de ser um ótimo filme para assistir num sábado a tarde, traz várias reflexões sobre a vida. A ambientação da trama é feita de maneira rápida, logo nos primeiros minutos do longa: trata-se da história de Truman, um trabalhador carismático que tem sua vida inteira monitorada e filmada desde que nasceu. Ele é o protagonista de um reality show que é transmitido 24 horas por dia, tendo apenas uma peculiaridade dos demais programas – ele não sabe que está participando deste. Embora seja bem direto na descrição geral, no começo, ainda ficam muitas dúvidas quanto à realidade de Truman e sobre o quão controlada era de fato a vida e as ações dele. Essas foram todas respondidas com o desenrolar da história e com alguns flashbacks de episódios passados de sua vida.
A vida de Truman em si é bem pacata e ordinária. Ele dá bom dia aos vizinhos, compra jornal na banca, trabalha num escritório, sai com o melhor amigo. Contudo, alguns deslizes da produção e lembranças de seu passado fazem com que ele comece a suspeitar de sua realidade. A partir de então, o filme adquire um ritmo mais agitado e até engraçado em alguns momentos, com Truman tomando várias ações inusitadas a fim de comprovar sua suspeita e com os diretores do programa tentando contornar a situação. Além disso, também é mostrado o “outro lado da tela”: as discussões entre os produtores de quais rumos devem ser tomados e as reações dos telespectadores às ações do protagonista. Uma cena marcante é uma entrevista com o criador do show, em que são trazidas reflexões quanto à ética de tal programa.
Mesmo com um final um tanto previsível e um enredo não tão sofisticado, o filme possibilita que tracemos vários paralelos com a nossa própria vida. Em alguns lugares, até é colocado “o show da vida” como subtítulo. Apesar de que, quando produzido (em 1998), não existiam ainda as redes sociais como as conhecemos hoje, é possível perceber uma forte relação entre o controle que essas exercem sobre nós e o que os produtores exerciam sobre Truman – questão discutida, inclusive, em “O Dilema das Redes”, documentário recomendado pelo jornal no mês passado. Ao fim do filme, fica nítido como o livre arbítrio de Truman era limitado, mas e na vida real? Até que ponto realmente fazemos nossas escolhas por conta própria e até que ponto somos apenas induzidos a fazê-las?
Nota: 8/10
Thalissa Reis,
Engenharia de Produção, 1º Ano
“O Show de Truman” é um programa que acompanha a vida de Truman, um rapaz de 30 anos que vive com sua esposa, possui um emprego estável, mora numa casa segura, tem uma imaginação fértil e, mesmo com medo de água e de cachorros, possui a vontade de sair dessa “vida perfeita”? A ilha que era apresentada como paraíso é um enorme set de filmagens e todos em sua volta são atores trabalhando para o show. Em um dia Truman se encontra com seu pai, alguém que ele achava que morreu na infância e começa a questionar sobre sua vida.
O filme é uma obra muito bem feita, o primeiro ponto que se destaca são os enquadramentos de imagens, nos momentos dentro do Show a posição das câmeras, os closes escancarados, o entorno que parecia estar dentro de um lixo e até os momento de propagandas fazia lembrar um programa de TV, já no momento do público assistindo a câmera se posicionava para ver claramente as suas reações.
O segundo ponto de destaque é a metalinguagem do filme, é fácil o público se identificar com as pessoas ligadas no programa, a produção por trás do show e os improvisos de um programa ao vivo.
Na questão de atuação o elenco como um todo consegue passar a impressão de ser algo ao vivo, um pouco irônico no início do filme. Ao longo do filme vamos conhecendo mais os personagens principais e suas complexidade, exemplo que mais ilustra é o Christof, o criador e diretor do programa. Ele é apresentado como uma pessoa mais fechada, reservada e dedicado ao trabalho, mas ao longo o filme mostra ter afeto ao Truman (relação estranha) e uma certa preocupação.
Uma preocupação do filme é a mensagem, onde o tempo todo era mostrado como o local em que Truman vivia era “perfeito” e o resto do mundo fosse perigoso, para isso se utiliza de mensagens subliminares, na maioria dos casos, e, para casos extremos, traumas. Tudo para manter o programa no ar; isso acaba por culminar com o final (sem spoilers) e a surpresa dos espectadores.
Nota: 9,5/10
Maikon Yukio,
Engenharia Civil, 3º Ano
A primeira vez que eu vi “O Show de Truman” foi com meu pai numa sessão do Corujão da Globo. Eu era muito pequeno e não entendi muito sobre o filme, porém claramente sabia que era algo diferente dos filmes que eu costumava assistir na época. Talvez, até agora não tenha compreendido de fato o filme.
Em uma excelente atuação de Jim Carrey, ganhadora do Globo de Ouro para melhor ator de drama, temos a representação do ser que busca por respostas de qualquer forma, que luta contra tudo e todos para se aprofundar em si mesmo. Truman tinha (e teria) uma vida plena, sem graves problemas ou preocupações, todavia, foi a sua essência pela verdade que o impulsionou a questionar e agir em relação às ações ao seu redor.
Talvez a cena mais marcante seja o final, Truman lutando contra os seus medos e chegando na borda do mar e percebendo a mentira que vivera durante toda a vida. Perceberá, também, que se decidisse sair daquele lugar iria passar a viver com problemas “reais”, sem a ajuda de todas as pessoas que sempre o cercaram. Truman saiu, decidiu arriscar, se permitiu viver de verdade, como todos deveríamos fazer.
Nota 9/10
Roberto Araújo,
Engenharia Civil, 3°ano
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