“A Terra É Plana” é um documentário da Netflix que apresenta, no âmbito do terraplanismo, seu surgimento, bem como sua “organização interna”, dissidências e alguns de seus crentes. Enquanto essas informações surgem, temos as opiniões de cientistas — físicos, astrônomos, entre outros — que, juntas à direção do filme, revelam que o documentário não está, de fato, defendendo o que seu nome propõe. Apesar de diversas cenas com teor quase cômico, também não é a intenção tirar sarro dos terraplanistas; o documentário adentra em camadas bem mais profundas da discussão.
O grande ponto do filme é as teorias da conspiração. Naturalmente, todos se interessam por assuntos desse tipo, mas há um conceito que “corta esse mal pela raiz”: a Navalha de Ockham, ou, de forma mais simples, a parcimônia. Esse princípio, que é contemplado pelo método científico rigoroso, diz, a grosso modo, que a melhor explicação é a mais simples.
Muito embora tal princípio seja aplicável a qualquer teoria da conspiração, ele é especialmente importante para compreender o terraplanismo. Isso porque muitos terraplanistas, como é bastante explicitado no filme, são um tipo de “hemicientistas”, que chegam “quase lá”. Pode parecer absurdo, mas diversos deles realizam experimentos para tentar comprovar suas teses. Algo que os diferencia da maioria dos cientistas é a irredutibilidade diante das evidências experimentais: se obtêm um resultado diferente do desejado (como evidências da curvatura ou da rotação da Terra), criam novos “apêndices” em suas teorias para o explicar, e isso cresce de forma inimaginável. O que lhes falta é aplicar a Navalha e aceitar o erro, readequar as hipóteses e testá-las novamente.
Os terraplanistas não cedem, todavia, e conforme se deleitam com o suposto conhecimento da “verdadeira verdade”, se perdem no mundo conspiracional. Isso lhes afeta de diferentes modos: muitos perdem amizades, relacionamentos, se afastam de familiares por serem “loucos”, e, dentro de sua comunidade, no covil da conspiração, acabam se tornando alvos de mentiras e difamação. A proposta apresentada no filme é que a comunidade científica, bem como pessoas informadas e com conhecimento no assunto, façamos parte daqueles que os trazem de volta para a realidade. Isso não é feito com escárnio ou xingamentos, mas com diálogo e tentativas de apontar possíveis falhas, lacunas e, principalmente, caminhos para o conhecimento. Uma proposta ousada para resolver um problema que sequer poderia ser imaginado há 10 anos… assustador, no mínimo.
Nota: 8
Arthur Belvel,
Engenharia Mecânica, 1º ano
Esse é o tipo de documentário que você começa com um sorrisinho de lado esperando ver uma série de cientistas expondo para terraplanistas mil e um argumentos que demostram a esfericidade do nosso planeta. Mas não. Nos primeiros minutos vemos nossa hipótese refutada e percebemos o que realmente vamos assistir: um pouco do lado de lá da história.
O que me chama a atenção é o cuidado que tiveram em mostrar com cuidado aqueles que defendem a terra plana: um pouco da sua rotina, o convívio com familiares. Não são pessoas com chapéu prateado e uma dúzia de teorias de conspirações. São pessoas como a gente, como aquele seu tio de churrasco de domingo que todo almoço discursa fervorosamente.
O documentário mexeu comigo na primeira vez que assisti e agora também, três longos anos atrás. Comecei com o sorriso de lado e terminei com a cabeça um pouco mexida, mesmo que minhas convicções estejam exatamente no mesmo lugar. Em resumo: algo que vale assistir (mesmo que uma vez ou outra você sinta vontade de dar pausa e desistir) seja para conhecer o outro lado da história, seja para sair com a mente aberta.
Nota: 7,5
Samira Paulino
Engenharia de Produção, 1º Ano
Após uma prova de física na manhã da última sexta-feira, fui assistir o documentário “A Terra é Plana”, dirigido por Daniel J. Clark. Confesso que fui com baixas expectativas, mas fui surpreendida positivamente em alguns aspectos e, infelizmente, negativamente em outros. No mais, achei uma experiência válida e interessante para entender um pouco melhor os grupos terraplanistas.
Estruturado de uma maneira semelhante ao “O Dilema das Redes”, o documentário é conduzido através de depoimentos e do acompanhamento da vida de expoentes do movimento terraplanista – como o estadunidense Mark Sargent e Patrícia Steere – e também de personalidades influentes do meio científico. Apesar dos depoimentos, não senti que aprofundaram muito nos argumentos do porquê a terra seria plana. Além desses dois grupos, entretanto, também são apresentados relatos e explicações de psicólogos sobre a parte psíquica por trás das crenças humanas. Embora seja nítida uma busca por imparcialidade, em alguns momentos, umas jogadas de câmera apontam um certo viés contra o terraplanismo.
Um dos pontos que achei mais interessante foi como os terraplanistas formam uma comunidade – tendo até um grupo de namoro exclusivo para pessoas do movimento. Entretanto, isso não significa que o grupo é completamente coeso, haja vista a presença de divisões internas no movimento terraplanista: há alguns que acreditam na presença de um domo sobre a Terra, enquanto outros não. Todavia, de modo geral, essas diferenças costumam ser deixadas de lado e prevalece a união entre os participantes. Nisso, percebemos como há até uma questão de busca por pertencimento e construção de identidade na formação dessa comunidade.
Além disso, uma questão recorrente no documentário é sobre como a crença no terraplanismo costuma vir atrelada à crença em uma enorme teoria da conspiração contra o modelo de conhecimento convencional e a comunidade científica. Acreditam, por exemplo, que a NASA mente para toda a população sobre o formato do planeta e demais questões espaciais. Assim, é levantada a questão de quem apresenta o interesse na manutenção dessa mentira e são levantados diversos agentes: desde o Vaticano até famílias multibilionárias, como os Rockefellers. Ademais, é visto como os terraplanistas são desconfiados quanto às fontes de conhecimento. Quando questionada em quantas fontes acredita, Patrícia Steere respondeu que apenas em uma: ela mesma.
Por fim, o documentário levanta a importância de não marginalizar ou excluí-los da sociedade, apontando para a necessidade de um debate livre de ideias. Há depoimentos de indivíduos que tiveram suas relações interpessoais destruídas por acreditarem no terraplanismo. Embora levante questões importantes, senti que o documentário não se aprofundou muito em nenhuma e que se prolongou por mais tempo do que o realmente necessário, chegando até a ser meio repetitivo em alguns momentos.
Nota: 7
Thalissa Reis
Engenharia de Produção, 1° ano
O documentário “A Terra É Plana” da Netflix nos mostra o surgimento desta teoria que por alguns é considerado uma piada e por outros é defendida com unhas e dentes, neste documentário vemos os dois lados, os dos cientistas das universidades e das escolas e os terraplanistas, com um foco maior no segundo grupo.
Começamos vendo como Mark Sargent se tornou terraplanista, e como ele começou seu canal de youtube, ele conta que começou lendo um livro cujo nome era algo como “como fazer um sanduíche de coco” com argumentos defendendo a terra plana, e após passar alguns meses se questionando sozinho ele chegou à conclusão que a terra é plana e criou seu canal para divulgar suas teorias.
E deu no que deu, a cada dia temos mais terraplanistas, podemos ver no documentário diversas conferências, incluindo uma internacional, diversas vertentes aparecem e algumas até conflitantes, um caso que vale a pena ser mencionado é o da Patricia, youtuber terraplanista que é acusada de usar seu rosto bonito para atrair homens para o lado ruim do terraplanismo e a “prova” é que as últimas três letras do nome dela são CIA, o que a faz uma agente da inteligência estadunidense CIA.
Dentre esses grupos diversos, o que mais me chamou a atenção foi o dos cientistas e engenheiros que tentam provar cientificamente que a terra é plana, e que nos dois experimentos apresentados no documentário, acabaram tirando conclusões que a terra é na verdade uma esfera.
Do lado não planista, os cientistas citam a síndrome do impostor, que acontece entre os cientistas que quanto mais eles sabem de um determinado assunto, menos eles acreditam saber, e também citam o efeito dunning-kruger, que indicam que quanto menos conhecimento sobre um determinado assunto tivermos, temos a tendência a falhar em reconhecer a própria falta de conhecimento, falhar em reconhecer o conhecimento do outro, e apenas após um treinamento poderão reconhecer a falta de habilidade, eles acreditam ser esse o caso dos terraplanistas.
No final do documentário, podemos ver um professor universitário chamado Lamar Glover dizendo que eles têm uma das coisas mais importantes para serem bons cientistas, eles rejeitam as normas e buscam provar que estão certos, e quase no mesmo momento vemos casos de pessoas que depois de falarem que acreditavam na terra plana, que as pessoas começaram a ser isoladas, ficando apenas em contato com os terraplanistas, o que os mantêm ainda mais dentro da bolha, dificultando a saída, percebi então que devemos tentar tirar um pouco o ar arrogante e explicar como se explica para uma criança com dúvidas sobre alguma coisa, esse documentário nos leva a questionar o nosso método de lidar com o problema, e isto é o seu melhor ponto.
Nota:8,5
Thomás MASG
Engenharia elétrica, 3º ano
Qual é o formato da Terra? Quando criança é ensinado que estamos em uma minúscula esfera que está girando em torno do Sol em um sistema que chamamos de Sistema Solar, que é apenas mais um de milhares de sistemas na Via Láctea, que é composto por outras milhões de galáxias, num Universo que está em expansão, etc. Parece loucura? Impossível? Um conto de ficção? Uma mentira repetida? Talvez a sua resposta seja não, mas para os terraplanista o formato da Terra seria plana.
Neste documentário acompanhamos diferentes pessoas, que não moram nos mesmos estados e que parecem pessoas comuns, mas que compartilham o mesmo pensamento sobre o formato do nosso planeta. Um dos nomes mais importantes é de Mark Sargent, um homem que conhecia e acreditava em diferentes teorias da conspiração e que, em sua visão, descobriu a mentira e começou a postar vídeos com “provas” sobre sua hipótese.
Este questionamento sem dúvidas não é algo novo, em diferentes civilizações temos o registro de diferentes concepções do formato da Terra, mas hoje temos a possibilidade de compartilhar informações e unir pessoas de forma mais eficiente e perigosa, como é mostrado no documentário “O dilema das redes” (filme que já apareceu no “ O Politécnico viu”).
Ao longo do documentário vemos que a comunidade acadêmica parece menosprezar a existência, de forma arrogante e ignorante, e marginalizar socialmente os terraplanistas. Estes acabaram por formar uma comunidade para abraçar todos que acreditam nisto, gerando uma enorme e frágil dependência comum no coletivismo, que é mostrado nos diferentes experimentos que estes realizam para provar a planicidade da Terra.
No final, talvez Mark esteja certo em comparar a hipótese da Terra plana com uma areia movediça. Onde uma pessoa ao entrar nesse mundo de teorias da conspiração seja cada vez mais difícil sair desta realidade que ela criou.
Nota: 8,0
Maikon
Engenharia Civil, 3° ano
“A Terra É Plana” é um documentário que se propõe em trazer de forma séria e imparcial o tema sobre a forma da Terra. Ao longo do filme somos apresentados a diversas figuras famosas nessa realidade, que tentam trazer à tona uma realidade que supostamente é escondida da população. Fica-se claro que a internet mais uma vez é a principal fonte de comunicação entre esses grupos, que se conversam por Youtube, Facebook e Podcasts.
O documentário em si tem um ideia interessante, porém não consegue tratar com seriedade a temática, sempre apresentando cortes irônicos ou comentários polêmicos. É óbvio que os terraplanistas oferecem muito trabalho para darmos risadas de suas atitudes, porém se o objetivo era mostrar sua realidade de forma séria, houve uma falha da produção. A Terra É Plana traz diversas discussões sobre a acessibilidade da ciência, teorias da conspiração e a falta de empatia que temos com quem pensa diferente de nós, sem dúvida não é um documentário revolucionário porém vale a pena ver.
Nota:5
Roberto Araújo,
Engenharia Civil, 3° ano
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