O Politécnico viu: Koe no Katachi

[TW/Aviso de gatilho: depressão e tentativa de suicídio]
Koe no Katachi, ou “A voz do silêncio” como ficou conhecido no Brasil, é uma adaptação para filme da Kyoto Animation do mangá de mesmo nome. A história acompanha o jovem Ishida Shoya, um jovem solitário que, após tentar cometer suicídio, se reencontra com Nishimiya Shoko, uma jovem tímida, que possui deficiência auditiva e, no 6º ano do primário (o que equivale ao 7º ano do fundamental no Brasil), foi alvo de bullying por Ishida e seus amigos.

Algo comum no mundo da animação é se utilizar de elementos fantasiosos e/ou sobrenaturais para retratar aspectos da nossa sociedade, independente do público-alvo, mas este filme se utiliza, principalmente, de uma história e situações que são plausíveis e realistas para transmitir o que está ocorrendo, exemplo disso é a cena em que Ishida se reencontra com Shoko, onde, vendo a partir da visão do protagonista, se nota o nervosismo dela com a situação. Qual seria o silêncio que até está no título? “É da Nishimiya, devido suas condições”, talvez seja a resposta mais natural, mas, ao longo da história, é mostrado que existem conflitos e sentimentos que são reprimidos pelo grupo, que acabam explodindo no final. O principal ponto que incomodou é o desenvolvimento de alguns personagens secundários, como da Sahara, não sei se no mangá é assim ou existem cenas cortadas para o filme.

Nota: 8,5
Maikon Semelewicy,
Engenharia Civil, 4º ano.


Ao explorar um rico universo psicológico dos personagens, Koe no Katachi consegue prender, provocar e acima de tudo emocionar o espectador. O maior ouro da animação é a profundidade emocional de todos os personagens, não os exacerbando nem para o bem nem para o mal. Todas as motivações são compreensíveis, o que faz com que nos identifiquemos ao menos um pouco com cada personalidade.

Ao decorrer da narrativa, o título, que pode ser traduzido para a sinestesia “A Forma da voz”, assume diversos significados. Acredito que entre eles o mais simbólico é que “voz” é uma metáfora para a mensagem, e a verdadeira mensagem trazida em forma de animação é a de respeitar e admirar todo o infinito emocional que permeia os indivíduos.

Nota: 8,0
Rafael Varanda,
Engenharia Mecatrônica, 1º ano.


Koe no Katachi é um exemplo de anime que ultrapassa a barreira dos “mundo otaku”: tanto pela acessibilidade (está na Netflix e é um filme) quanto pela qualidade, essa animação é extremamente popular. O filme apresenta muitos conflitos e, apesar disso, não temos clareza da existência de um antagonista. Isso porque a trama não desenvolve personagens com características unicamente boas ou ruins, como é o caso do protagonista Shoya, que tomou atitudes erradas no passado, porém todo o enredo mostra sua tentativa de redenção. Ainda que ele tenha sido injustiçado e, posteriormente, vítima do mesmo mal que cometeu com Shoko, errou, admite e se mostra disposto a consertar.

Além dele, as outras personagens são desenvolvidas de forma parecida, como Shoko, que enfrenta o sentimento de culpa devido às dificuldades que alegadamente causa às pessoas com sua surdez. O ponto que mais incomoda, no entanto, é esse sentimento de culpa que as duas personagens principais (Shoya e Shoko) sentem e que resulta em depressão e pensamentos suicidas. A trama não parece abordar esse ponto com a preocupação necessária, podendo passar a impressão de que um bom amor (fraterno ou romântico) resolveria essa doença. Ainda assim, toda a trajetória de absolvição das personagens é emocionante e com mais alguns minutos de tela eu teria derramado algumas lágrimas. É um filme excelente e um bom começo para quem se interessa por animações japonesas.

Nota: 9,0
Arthur Belvel,
Engenharia Mecânica, 2º ano.


O filme pode ser dividido em fase de prática de bullying e fase de lidar com as consequências do bullying, a primeira parte (na qual resolvi me focar) nos mostra uma agressividade crescente do grupo de “brincalhões”, que no começo faziam piadas entre si, após um tempo já estavam tirando o aparelho auditivo da garota surda da sala e o arremessando pela janela, o professor via algumas das agressões, por coincidência sempre as realizadas pelo Shoya (protagonista da obra) durante as aulas, quando a mãe da Shoko percebe o que está acontecendo ela liga para a escola e o professor apresenta Shoya como o culpado, o que acaba tornando o garoto o novo alvo das agressões.

Diversos aspectos me chamaram atenção nesta parte quando revi este filme, a forma como as agressões foram se intensificando gradativamente foi muito interessante, era como se lentamente atacar a Shoko de maneiras mais e mais agressivas foram sendo aceitas pelo grupo, o professor mesmo vendo algumas atitudes horríveis não toma nenhuma atitude para ensinar os alunos que o que estavam fazendo é errado, “A voz do silêncio” é uma obra que te permite refletir não apenas sobre as consequências do bullying para a vítima, para o agressor arrependido, mas também permite analisar mais a fundo todo o bullying em si se prestar atenção o suficiente, um filme espetacular.

Nota: 9,5
Thomás MASG,
Engenharia elétrica, 4º ano.

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