Provavelmente você nunca viu “Cantando na chuva”, mas com certeza conhece a cena que dá nome ao filme, do personagem principal (Don Lockwood) de terno, cantando e dançando na chuva, altamente parodiada em outras obras. O filme, de 1952, é um musical que conta a história de Don Lockwood e Lina Lamont, astros do cinema mudo, vivendo a transição para o cinema falado, com todas as dificuldades de adaptação às novas tecnologias, e novas habilidades que eles precisam desenvolver, como a oratória, que não era necessária no cinema mudo. Outros personagens importantes são Cosmo, amigo de Don, que trabalha nas trilhas sonoras dos filmes dos estúdios, e Kathy, atriz de teatro e cantora, que está tentando estrear em Hollywood e vive um romance com Don.
Desde a minha infância nunca fui fã dos musicais com atores (bem diferente das animações da Disney), quase sempre parecia algo forçado, que surgia “do nada” e era algo para esconder a incompetência da história, então criei certo repúdio para esse gênero. Com essa visão fui assistir a um dos mais clássicos filmes hollywoodianos e que ainda é referenciado em produções atuais.
Ao se passar nessa época de transição, temos um excelente contexto para conflitos, principalmente ao colocar como personagens principais dois atores que são famosos no cinema mudo, mas possuem enormes dificuldades com a mudança.Mas ao analisar as outras iterações o filme, na minha opinião, acaba sendo feita de forma clichê ou conveniente para a história, exemplo disso foi o romance entre Don e Kathy, onde o primeiro encontro foi conflituoso, mas, ao se reencontrarem depois de 2 meses, a moça já era grande fã (conveniente para o roteiro!) e a partir daí começa o relacionamento.
Em relação ao musical temos até músicas interessantes e coreografias bem executadas, mas a duração do musical e a repetição das piadas e refrões acaba sendo entediante e/ou meme, mas “Gotta dance!” e “Make ‘em laugh”. No fim a experiência de assistir a este filme, mesmo com números que chamam atenção, não foi boa e acabou intensificando a impressão inicial sobre o gênero, principalmente pela inovação do filme virar clichês dos dias de hoje!
Nota: 4,7
Maikon Yukio,
Engenharia Civil, 4º ano.
A justificativa de “ser um clássico” já bastaria para assistir, mas “Cantando na Chuva” vai além. De início, o filme parece não ter um nome muito revelador: embora a parte do singing seja real (o filme é um musical), a parte da chuva só se faz presente na icônica cena, que não parece ser a mais importante na trama como um todo. Além disso, o enredo romântico é previsível e não tão cativante. Então, por que assisti-lo?
A obra é clássica, ultrapassa seu tempo por conseguir tocar diferentes gerações: as questões ligadas a transformações e paixões seguem existindo e serviram de mote para o filme. “Cantando na Chuva” apresenta a atmosfera Hollywoodiana da metade do século XX, na transição do cinema mudo ao falado com tom cômico, uma vez que a grande estrela do antigo cinema possui uma voz desconcertante. Na esfera amorosa, o grande casal das telas não tem química alguma por trás das câmeras e o galã mais almejado sofre uma queda (inclusive literalmente) por uma mulher não pertencente ao círculo dos famosos.
Discretamente, o filme questiona a universal busca por agradar o público. Até que ponto se vai para que o show possa continuar? O que se faz para “Make ‘em Laugh”? Quantas imagens e finais se forjam pelo bem querer alheio?
Apesar da obra, em partes, espiralar as histórias e aprofundar-se demais no filme paralelo, o espectador sai desse escorregador com vontade anestesiante de cantar e dançar, como o título já anunciava. No fim, o público que mais se buscava agradar éramos nós mesmos.
Nota: 8,0
Veronica Duval,
Engenharia de Produção, 1º ano.
Entre algumas músicas excessivamente longas e piadas não engraçadas, “Cantando na Chuva” traz consigo um dos sentimentos mais íntimos que existem. A emoção que falo é a de felicidade genuína, seja após ser aprovado em uma prova, conquistado um amor, ou simplesmente perceber que você está onde sempre quis. Nessas horas não cabem palavras para descrever os sentimentos e seu maior impulso é cantar, chorar, gargalhar e “dançar na chuva”.
O filme é besta, o clichê dos clichês (talvez por isso seja um clássico), mas traz consigo um alívio, retirando o espectador de seus problemas e os prendendo nessa história de faz de conta. Não é como se o filme fosse expandir seu horizonte, mas durante as duas horas que você reservar para assistir o filme você dará boas risadas (se não do filme, dos problemas de roteiro) e descarregará boa parte do stress.
Então já sabe, quando estiver passando por uma semana de provas, um conflito amoroso ou até mesmo uma crise existencial, use esse filme como uma carta na manga para se desligar um pouco de todo o caos do mundo moderno . E quem sabe, a história ressuscite o seu lado dançarino, que enxerga o mundo colorido e bate na porta de empresários para dizer:
“Gotta Dance”
Nota: 7,0
Rafael Varanda Bernardo,
Engenharia Mecatrônica, 1º ano.
Ao assistir musicais, é nítido como eles mudam com o tempo, enquanto os musicais modernos buscam contar a história e desenvolver o enredo pelas músicas, integrando-as mais ao filme, musicais antigos, como “Cantando na Chuva”, fazem das músicas muitas vezes intervalos na história, falando mais sobre os sentimentos e sensações dos personagens. Podemos ver isso na música que dá nome ao filme, em que percebemos que Don se apaixonou por Kathy, ou na música “Gotta Dance”, em que algo que poderia ser mostrado por uma montagem de cenas rápidas ou uma linha de diálogo é extendido em uma das maiores músicas do filme.
É importante lembrar também que o cinema falado é um dos temas principais do filme assim, e não há melhor forma de contar sobre o cinema falado e todas as dificuldades dessa mudança que por um musical, o gênero de filme mais sonoro entre todos. Com isso em mente, talvez esse filme não seja para você, mas se for assistí-lo tente se divertir com as cenas e situações, a história é um mero pano de fundo, e se você focar demais nos pontos de enredo, irá se frustar com os números musicais, e não os aproveitarão da melhor forma.
Nota: 8,0
Beatriz Toscano,
Engenharia Ambiental, 1º ano.
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