Uma das questões mais intrigantes do ser humano e de suas relações sociais é a memória. Duas pessoas podem ter vivido juntas um mesmo fato marcante, mas se perguntado a elas, tempos depois, sobres os acontecimentos, provavelmente veremos duas realidades bem distintas, visto que tal acontecimento teve um impacto diferente para cada uma delas, criando visões próprias e distintas do que era pra ser um único fato. Esse fenômeno também se reflete em como associamos palavras a essa memória individual, como amor, amizade, escola… Esta é uma de nossas peculiaridades: a grande variabilidade de sensações em relação a acontecimentos, momentos e fases de nossas vidas, que permite a existência de inúmeras verdades.
Por isso, eu estou aqui escrevendo e deixando registrado a minha verdade, um bixo que nunca pisou na Poli, não tem noção de como é a experiência diária de realmente estar em um ambiente por vezes tão grande, assustador, encantador e hostil, como é contado. E essa é a questão que venho refletindo durante meu primeiro ano como aluno: quanto mais pessoas eu conheço, mais diversas são as histórias, os sentimentos, os lares, as dores em relação a nossa escola, e sinto, devido exatamente às grandes possibilidades de como um grupo de pessoas, inseridas em um mesmo contexto, podem viver tal realidade.
Há infinitas Polis, e isso é extremamente amplificado pelo fato de possuir em um mesmo ambiente estudantil 13 cursos de engenharia, pessoas de todas regiões do país, com experiências diferentes, com grandes expectativas acerca da possível “melhor escola de engenharia do país”, que são ou não cumpridas, inúmeros grupos de extensão, que como dito em um texto anterior, conseguem trazer a vitória para a Poli aos 45 do 2° tempo, coletivos, centro acadêmicos, Grêmio, enfim, cada pessoa que conheci, apesar da similaridade de pensamento em relação a pesada carga horária, grande pressão, professores frustrados, cada um tem uma das diversas polis consigo, amando-a ou odiando-a.
Qual é a sua Poli? Ela remete a amor, frustração, tristeza, superação? A minha pode não ter sido apresentada por completo, mas o que é claro pra mim é que há uma enorme beleza nisso tudo, não se trata de apenas uma escola de engenharia, a melhor ou pior, não importa, ela engloba um movimento nunca antes visto por mim, uma pluralidade e unicidade que de alguma forma une as pessoas. É aquilo que todos escutam, não dá para fazer tudo na Poli, mas com o passar do tempo cada um vai se encontrando, e concretizando a sua própria Poli.
Luca Paniago,
Engenharia Mecânica, 1º ano.
Que Texto!
Um Bixo que entendeu o que a USP move nas pessoas!