É extremamente fácil narrar a vida de um politreco novo. Acorda, lava o rosto, toma um café e entra em uma aula(seja de Cálculo, Álgebra Linear ou até mesmo Física). Com tanto conteúdo teórico das mais variadas áreas da matemática e da física, é difícil lembrar que fazemos engenharia. É comum o bixo se sentir em algum curso do IME, do IF, de qualquer instituto, menos da Poli. Não me leve a mal, entendo a importância desse conhecimento para futuras aplicações, mas será que não ficamos, por dois anos, imerso nesse mundo meio alheio às razões que fizeram muitos de nós escolher engenharia?
Mas o que faz uma pessoa, de seus 18 anos, ter a corajosa (e insana) ideia de fazer engenharia? Bom, no meu caso foi algo bem simples. Eu, quando criança, adorava desmontar e montar coisas e ter ideias mirabolantes sobre invenções, quando me falaram que a profissão que fazia isso era a “Engenharia” meus olhos brilharam e a decisão foi bem simples: “Quero fazer isso!”. Aposto que muitos dos nossos colegas (dentro e de fora da USP) tiveram uma experiência parecida. Mas isso não é via de regra, isso está longe do certo, ou do errado, a se fazer. A realidade é que não existe receita para escolher, existe apenas a escolha a ser feita e uma pessoa por trás dela, com suas razões.
Será que essa gana, esse brilho no olho de cada vestibulando, dura até o fim do Biênio e início do período de especialização de cada curso? No fim, em meio a tantos limites, derivadas e integrais, deve haver algo relacionado com engenharia. Claro que há! Mas está longe de ser um negócio apaixonante, aquilo que vai mudar o mundo e salvar toda a humanidade. Claro, se você conversar com um apaixonado por tudo isso ele irá discordar de você e, até certo ponto, eu concordo com a razão dele. Mas estou longe de acreditar que o Modus Operandi da faculdade sustenta esse ímpeto que, no início, todos temos. Com o passar de cada semestre, nesses longos 2 anos, cada um de nós se distancia um pouquinho daquela pessoa que um dia fez a matrícula nessa escola, a ponto de fazer com que aqueles que se sentiram inseguros com essa decisão percam toda a vontade de continuar o curso.
Afinal, não entramos aqui para resolver limites, provar teoremas e calcular tensões. Pelo menos não só isso. Fazemos engenharia para criar, inovar, consertar e ajudar, mesmo que indiretamente, toda a nossa sociedade. Talvez seja bom, nesse início de curso, lembrar todo mundo disso.
Luiz Henrique Piffer Marques,
Engenharia de Produção, 1º ano.
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