Os períodos de matrícula no Júpiter são sempre complexos. Esteja você buscando uma disciplina para encaixar em um horário vago ou tentando fazer o máximo de créditos livres e aliviar sua graduação, a tarefa nunca é simples. Apesar de na aba de matrícula serem apresentados o programa da disciplina, os professores e os métodos de avaliação, fatores como o funcionamento das aulas, a quantidade de empenho exigida e a didática empregada nunca são claros. São vários os causos de disciplinas que, na teoria, contam com 0 créditos-trabalho, mas, na verdade, exigem muito mais do aluno. Se você tem medo de pegar uma optativa “cavalo de tróia” ou não encontrou nenhuma disciplina que te cative, esse texto pode lhe ser a solução.
Por meio de conversas com estudantes de diferentes cursos e anos na Poli, buscou-se avaliar algumas disciplinas sobre o ponto de vista de quem já cursou a matéria. A análise leva em conta não só os conteúdos apresentados na disciplina, mas também a experiência em sala de aula, a relação com os professores e o nível de exaustão que a disciplina causa. Com certeza alguma te chamará a atenção!
Filologia Românica: O Galego I (FLC0184) – (2 créditos-aula e 1 crédito-trabalho)
Sempre tive a pira de estudar o surgimento do português ou de línguas latinas e a oportunidade de fazer Galego I, ainda mais num horário vago na manhã de terça, não quis deixar passar. Fui atrás de um pessoal da Letras pra ver e disseram que a professora era muito tranquila e que provavelmente não precisaria de muito conhecimento anterior pra acompanhar. As aulas eram divididas numa parte histórica, que dava pra entender tranquilo, mas às vezes engatava numa parte de fonemas que era complicado, mas tanto a turma quanto a professora foram bastante solícitos em ajudar (inclusive, ela achava o máximo ter alguém da engenharia cursando a matéria). A professora realmente era muito boa e as aulas fluíam bem. No fim aprendi bastante, uns conhecimentos que, pra gente da engenharia, serve muito pra pagar de culto. A avaliação foi um fichamento de umas 7 páginas com resenha de capítulo de livro, então tem que escrever, mas deu pra ir super bem.
Nota: 10
Arthur Belvel,
Engenharia Mecânica, 2º ano.
Modelos em Atuária e Finanças (MAP 2225) – (2 créditos-aula e 2 créditos-trabalho)
O conteúdo é bem abrangente, uma boa matéria para quem quer começar a ter contato com assuntos do mercado financeiro e se aprimorar em alguma linguagem de programação. Apesar de ser útil saber um pouco de programação, a grande maioria das entregas podem ser feitas tranquilamente utilizando apenas o Excel ou Google Sheets.
As aulas no ead eram bem tranquilas, o professor não cobrava presença e as aulas ficavam gravadas. Ao contrário do monólogo das aulas da Poli, as aulas do IME possuem bastante discussão, o que ajuda a querer assistir uma aula sexta feira à noite.
De início, o conteúdo é bem simples e vai se aprofundando, abordando desde conceitos iniciais até modelos bem complexos. Todavia, por ser uma matéria introdutória e com público bem heterogêneo, o professor não puxa muito nas entregas porém se coloca à disposição dos alunos que querem se aprofundar, recomendando materiais para estudo e estando aberto a tirar dúvidas.
Acho que as aulas de modelagem são as melhores, podendo ter um contato com assuntos bem interessantes e altamente aplicáveis.
Se você estiver afim de uma matéria abrangente, com um professor interessado e com uma cobrança justa, você encontrou sua optativa para o próximo semestre! Recomendo muito.
Nota 8
Roberto Araújo,
Engenharia Civil, 4° ano.
Nota 9,5
Thalissa Reis,
Engenharia de Produção, 2° ano.
Sustentabilidade no setor produtivo (PHA3513) – (4 créditos-aula)
Um tema que é pauta nas diversas áreas, não só da engenharia, é a sustentabilidade e vejo que cada vez mais o profissional deve estar preparado para melhor aplicá-la.
Para quem não reparou na sigla da disciplina ela pertence ao módulo vermelho, sendo uma optativa eletiva do módulo de Sustentabilidade e pode ser uma preocupação para alguns alunos, principalmente em realizar o trabalho em grupo (isso pareceu ao conversar com os outros dois que realizam a disciplina comigo que não era do módulo!), mas venho tranquilizar e dizer que é mais tranquilo que parece.
Se as aulas do próximo semestre forem presenciais eu quero dizer para aproveitar o trabalho prático, pois interagir com os donos e empreendedores parece ser mais interessante que ler relatórios de sustentabilidade, mas devido a pandemia foi difícil encontrar alguém disponível.
E, para os alunos da Civil e que tiveram aula com a Amarilis em Engenharia e Meio Ambiente, digo que muito dessa matéria ser algo tedioso é o repetir muito que já foi apresentado no ensino médio e outra parte são as famosas e confusas provas do PHA, mas nesta disciplina não tem!
Um último ponto é verificar o horário, porque dependendo da grade terá 20 minutos de almoço (talvez esse tempo seja de deslocação!) e que pode atrapalhar o aluno.
Nota: 8,7
Maikon Yukio,
Engenharia Civil, 4° ano.
Empreendedorismo e modelos de negócio (PEF3111) – (2 créditos-aula e 2 créditos-trabalho)
Aos que tentaram entrar em uma matéria da FEA sobre esse tema, mas que se frustraram porque o critério de nota sempre o barrou, essa é uma oportunidade de cursar esta disciplina.
Com um trabalho, no mínimo inusitado, e com aulas que somente o Siqueira pode dar, essa disciplina é uma verdadeira caixa de surpresas e, se aproveitar bem, dá para aproveitar a disciplina sem parecer que está na Poli e que arranca parte da sua vida nesses 5 anos ou mais. Para aqueles que querem uma matéria coxa para bater os créditos é bom verificar essa matéria de 2 créditos aula e 2 de trabalho.
Nota: 6,4
Maikon Yukio,
Engenharia Civil, 4° ano.
Embora seu nome seja bem sugestivo, a matéria em si é muito mais rica e recheada de surpresas do que eu esperava. O professor, além de muito conhecedor da área, traz diversos estudos e materiais dos quais não se ouve falar corriqueiramente e deixa evidenciado que há muito e material escrito sobre empreendedorismo!
A ideia dessa disciplina é montar um grupo no início das aulas e, com ele, montar um modelo de negócio a ser desenvolvido durante a caminhada. Conforme o modelo de negócios vai evoluindo vão ocorrendo apresentações, como o preenchimento de tabelas Canvas (O que lembra muito introdução ao projeto), elaboração de um modelo de negócios totalmente “do zero”, enfim, muito do que necessitamos para a desenvoltura empreendedora. Além de todas essas etapas mais trabalhosas, o professor compartilha muitas experiências conosco, e esse compartilhar não se restringe somente às experiências dele, mas também de muitos outros professores de fora do Brasil, afinal, ao voltar de suas viagens ao redor do mundo ele sempre traz uma nova história pra contar.
Essa é uma matéria optativa que vale a pena, porém, creio que tenha mais valor para alguém que esteja pensando em montar uma empresa ou startup a curto prazo – o que não é o meu foco, um mero estudante do primeiro ano de engenharia.
Nota:8,5
Leonardo Bispo,
Engenharia Civil, 1° ano.
Análise massiva de dados em Gestão de Operações (PRO3601) – (4 créditos-aula)
Uma disciplina quase nova, ano passado pude participar da primeira turma, onde você pode aprender uma nova linguagem de programação e própria para trabalhar com volume de dados, a ECL, que é BEM DIFERENTE do que aquelas que conhecemos, como a Python e a C (ou pelo menos conheço)!
As aulas são divididas em duas partes, a teórica dada pelo Prof.º Renato e os laboratórios com o Prof.º Hugo (dois bons professores, bem acessíveis e explicam muito bem a matéria) e as atividades trabalhadas em aula e entregas podem ser desafiadoras, mas a cereja do bolo é o trabalho final da disciplina com um desafio criado por uma empresa da área (essa parte a confirmar ainda!).
Aviso que somente os 4 créditos de aula são falsos, contaria com, no mínimo, 2 créditos de trabalho!
A disciplina pode sofrer algumas alterações com relação às suas atividades por se tratar de algo novo (é só um aviso).
No fim é uma matéria que recomendo a qualquer interessado em trabalhar com dados a se matricular nessa disciplina!
Nota: 9,4
Maikon Yukio,
Engenharia Civil, 4° ano.
Responsabilidade Social e Empreendedorismo Social (EAD0724) – (2 créditos-aula)
A matéria foi uma ótima surpresa! A profª é absoluta referência no assunto e combinava: apresentação de conceitos, estudos de caso e conversas com empreendedores de muito sucesso (todos ex-alunos dela).
Fica o aviso de que a matéria é dada num formato intensivo durante as férias (o que eu não sabia quando me matriculei rs), aí achei um pouco puxado mesmo pra assistir todas as aulas e completar as leituras no ritmo que sugerem. Mas mesmo sem conseguir terminar as leituras a tempo, dava pra acompanhar a aula. O trabalho final é relativamente tranquilo, mais de pesquisar e aplicar alguns dos conceitos estudados e (apesar de não ser coxa) não foi um bicho de 7 cabeças e tinha um prazo de um mês pra focar nisso e terminar.
Recomendo bastante a matéria se tem curiosidade no assunto e quiser conhecer, certamente é uma daquelas oportunidades de ter aula com a própria pessoa que “inventou” os conceitos que os outros estudam.
Nota 8,5
Vinicius Lopez,
Engenharia Elétrica, 5° ano.
Empreendedorismo e Inovação na Engenharia (PMI3817) – (2 créditos-aula)
Estando dentro da Poli, e da própria USP como um todo, a gente sempre ouve que é um lugar de onde surgem várias Startups. Mesmo tendo tido contato com esse mundo de algumas formas (sim, assistindo Shark Thank), nunca tinha de fato aprendido o processo por trás do surgimento de uma, e foi o que me chamou atenção ao falar com uma pessoa que já tinha cursado a matéria: você realmente aprende a criar uma Startup! Depois acabei descobrindo e até começando a cursar outras matérias desse ramo mas pra mim “Empreendedorismo e Inovação na Engenharia” foi a melhor: não é uma carga horária alta e experiência com a matéria não foi um fardo ao longo do semestre, foi uma matéria leve com um assunto interessante e atual. O projeto da disciplina é passar pelo começo do processo de desenvolvimento de uma startup em um grupo de em média 5 pessoas, contando com um pequeno pedaço da aula de conteúdo mesmo e o resto com mentorias (muito legais por sinal) e uma palestra de um empreendedor com relação ao tema da aula. Tem entregas sim, mas é pouca coisa e tem um monte de monitor para ajudar. Deu pra ir bem e ainda surpreenderam os alunos com um monte de prêmios pras Startups bem colocadas no final.
Nota: 10
Fernanda Quelho,
Engenharia Mecatrônica, 3º ano.
Você tem interesse em empreender? Bem, eu sempre tive e cursar a disciplina PMI3817 me ajudou a clarear esse sonho. Com aulas dinâmicas e que realmente prendem a sua atenção, e atividades que te fazem pôr em prática todo o conhecimento visto em sala, acredito que foi uma das matérias da Poli que mais consegui aproveitar a experiência de aprendizado. Para mim, um grande diferencial da disciplina são as pessoas que estão envolvidas: professores, mentores e monitores sempre estavam disponíveis para ajudar a alavancar a startup e, sem eles, tenho certeza que meu grupo não teria o desempenho que teve. Digo isso pois a minha startup (+memória) acabou ficando entre as 6 melhores e, com isso, ganhamos diversos prêmios para nos auxiliar no caminho do empreendedorismo. Assim, embora a disciplina demande um pouco do seu tempo (toda semana tinha uma entrega e uma breve apresentação do que havia sido desenvolvido), vale a pena formar uma boa equipe e se dedicar!
Nota: 10
Leticia Kimoto,
Engenharia Mecatrônica, 2º ano.
Tecnologia e Desenvolvimento Social (0303602) – (2 créditos aula e 2 créditos trabalho)
A ideia da matéria é que os alunos, em grupos, desenvolvam projetos que a partir de aplicações de tecnologia busquem soluções linkadas ao desenvolvimento social de qualquer tipo de grupo. Nas primeiras aulas, foram apresentados textos motivadores e dados bem interessantes com relação a questões como saneamento básico, acesso à energia elétrica, educação etc e, com isso, os alunos deveriam escolher temas que julgassem relevantes e pensassem em como a Engenharia poderia auxiliar nesses contextos.
No caso da minha dupla, estudamos instalações elétricas em residências de baixa renda e principalmente como garantir a segurança dessas redes e para isso tivemos que estudar a “técnica” por trás, propondo também como levar a conscientização disso para a população. Foi bem interessante poder desenvolver uma aplicação prática de Engenharia estando ligada diretamente à segurança das casas e principalmente poder, de fato, projetar a partir de algo que nós tínhamos pensado e tínhamos interesse.
Outro ponto bem legal da matéria eram as aulas de acompanhamento dos projetos, em que cada grupo apresentava a evolução do seu projeto e podíamos ver diferentes propostas, desde relacionadas à educação financeira até à pobreza menstrual. Minha única crítica à disciplina está mais ao oferecimento de maneira remota (ainda dei sorte de ter sido o primeiro oferecimento da disciplina) que acabou não tendo tantos momentos de discussão com toda a turma sobre os diferentes projetos, restringindo-se aos momentos de acompanhamento do andamento deles, então, os grupos pouco interagiram entre si.
Nota: 9,0
Beatriz Bicudo,
Engenharia Elétrica, 3º ano.
Tópicos de Regulação do Setor Elétrico (PEA3536) – (2 créditos aula)
Essa matéria explica como funciona a comercialização de energia elétrica, desde questões básicas como o “caminho” que a energia percorre, desde sua geração até o consumidor, até o funcionamento dos leilões. Achei bem interessante por também trazer os pontos de regularização, práticas, atividades de agências etc. Nesse contexto, é uma matéria que explica de maneira bem completa o mercado de energia elétrica no geral, que não é tratado diretamente nas disciplinas obrigatórias do PEA (departamento de Energia e Automação elétricas, uma das Ênfases da Engenharia Elétrica) e sempre me chamou atenção. O clima da aula, ainda que expositiva, é de uma conversa. O professor tende a ser bem tranquilo e também instigar a todo o momento os alunos. Minha única crítica ferrenha a ela (e por isso a nota) é o seu horário de oferecimento: quarta-feira às 7h30.
Nota: 9,5
Beatriz Bicudo,
Engenharia Elétrica, 3º ano.
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