O Politécnico viu: Kapoor & Filhos

Rishi Kapoor em cena de Kapoor & Filhos (Reprodução)

Nem todos os grandes filmes são grandes sucessos de Hollywood. Alguns podem vir de Bollywood.

Kapoor & Filhos não é um dos grandes nomes, mas é um indicado para você, que talvez procure novas indústrias de cinema. A trama do filme começa simples: dois filhos, um que vive nos EUA e outro na Inglaterra, precisam voltar para casa por causa de problemas de saúde do avô.

Os dois seguem o mesmo caminho na carreira, embora Rahul — o filho mais velho e definitivamente favorito dos pais — seja bem sucedido, enquanto seu irmão caçula, Arjun, ainda luta com os percalços da carreira. As tensões entre os dois acabam por se espelhar no restante dos familiares, e pouco a pouco nos perguntando se as cicatrizes dessa família terão alguma solução.


Kapoor & Filhos foi um dos primeiros filmes que eu assisti nesse universo. Apesar de não ser um dos meus favoritos — e seguir mais a linha do drama que outros do mesmo espaço —,  é um filme que aos poucos se constrói e contém certa gama dos clichês de Bollywood.

Claro, espectadores acostumados com as vizinhanças de Bollywood talvez estranhas, e sequer consideram digno de nota. Para mim, há forte simpatia com Arjun que se mostra nos detalhes, desde da perda do suas memórias de infância até no óbvio favoritismo dos pais. Esse filme mostra como as famílias podem ser disfuncionais, embora belas nas aparências.

Com um final de certo modo tocante — a história se constrói em pequenos detalhes que só percebemos ao fim —, é um filme que indicaria para todos os momentos.

Nota: 9
Samira Paulino,
Engenharia de Materiais, 3º ano.


“Todos erram, crianças”. 

A frase acima foi a que mais me tocou durante o filme. Embora simples, me tocou não só pelo contexto no qual foi dita, mas também por resumir em essência a mensagem da obra Bollywoodiana.

Enquanto assiste ao longa, o espectador (talvez apenas este que vos escreve) aprecia com um sentimento misto o desenrolar da história de uma família aparentemente tradicional, que se revela mais problemática (e também normal) a cada ato.

Em meio a várias histórias conectadas, se destaca a dinâmica de uma família com um filho “perfeito” e outro imperfeito. Ambos os lados são mostrados de forma bela: um extremo tem que lutar contra a realidade de estar sempre em segundo lugar, nunca bom o suficiente para ser o ideal; já o outro é amaldiçoado a manter a perfeição imposta a si, se obrigando a viver o ideal da família, a prevalecer como o “menino prodígio”. Essa ordem é mantida pelo pai, que embora cobre o ideal, está longe do mesmo: ele é afundado em seus problemas emocionais e distanciamento da própria casa. A pessoa que mais parece sofrer carregando esses três pesos é a mãe, na função social de “santa”, escolhida para carregar tudo, ser forte e impecável em seu papel. Ainda assim, é taxada de exagerada quando expõe sua humanidade. Curiosamente, o membro que leva a vida com mais leveza é justamente o que está no fim dela. Sr. Kapoor (o avô) encara a vinda próxima da morte, brinca e preza pela união do grupo que não escolheram participar, mas ainda assim existe.

Mas por que o sentimento misto? Porque o longa parece se perder no meio do caminho. A trama principal é pausada e substituída por mudanças de tom do enredo. O drama se transforma em uma comédia romântica que quase promete um triângulo amoroso, apresenta personagens secundários esquecidos logo no ato seguinte, e por um momento nos ameaça a virar um musical (é preciso ver o filme para entender essa última parte)! De repente, o roteiro se reorganiza: os 30 minutos restantes entregam toda a mensagem inicial com excelência e surpreendem o espectador até há poucos segundos entediado. 

Passados os dias desde que assisti ao filme, prevalece a sensação de um bom conto, de mensagem forte e (quase) equilibrada com leveza.

Nota: 8
Murilo Ferreira Noronha,
Engenharia de Produção, 2° ano.


Uma das experiências mais curiosas é assistir novamente um filme importante da sua infância, só que agora mais velho. Perceber as piadas que você, aos seus 5 anos, era incapaz de compreender, ou até mesmo finalmente entender uma parte confusa do enredo que nunca havia sentido em sua cabeça. Todavia, no final das contas, o mais rico dessa jornada é perceber a mensagem do filme, exatamente o que está além das linhas do texto, o subliminar, aquilo que o tempo todo estava invisível aos seus olhos. Kapoor & Filhos traz um pouco dessa sensação, só que dessa vez, você nunca assistiu essa história na infância.

É inegável que o filme traz assuntos pesados, até mesmo fúnebres, com uma leveza quase infantil. Infelizmente, essa forma de narrar os fatos acaba por tirar o impacto e o peso das cenas do filme. O enredo consegue em menos de dez minutos ser uma novela mexicana, o retrato de uma família infeliz e até mesmo um clipe de música da Vevo. Essas transições vêm sem aviso ou acompanhamento de trilha sonora, o que acaba por lentamente deixar o telespectador perdido e o desconectar do brilho da história.

O que realmente traz angústia é saber do imenso potencial perdido por conta dessas nuances, uma vez que, apesar delas, o filme ainda consegue ter um final emocionante. Embora os sentimentos se percam num fenômeno de “Sessão da Tarde”, Kapoor & Filhos é uma válida jornada de introspecção e um abre-alas para um novo universo cultural.

Nota: 2π
Rafael Varanda Bernardo,
Engenharia Mecatrônica, 2º ano.


Kapoor & Filhos é uma dramédia familiar. Entretanto alguns de seus momentos supostamente engraçados acabam sendo apenas constrangedores, enquanto questões dramáticas extremamente importantes para o andamento da história dificilmente poderiam ser abordadas com mais descaso. Sendo assim, o equilíbrio necessário para a narrativa funcionar inexiste, tornando as variações de tom do filme bastante problemáticas.

O longa possui sequências desconexas e decisões injustificáveis. Personagens entram e saem da história sem muita lógica, e, mesmo o ponto de virada do filme (que, dado o impacto causado, pode parecer uma escolha corajosa), é, na verdade, mais uma solução indolente do roteiro. O filme é construído para que seu ápice final garanta que a mensagem permaneça com o público, mas, de tão genérica e óbvia, ela faz com que Kapoor & Sons acabe para o espectador uns quinze minutos antes de finalizar, de fato, na tela.

Os Kapoor não são desenvolvidos suficientemente bem para que o filme funcione como uma história de família — afinal, o público não estabelece vínculos genuínos com quase nenhum deles —, ao passo que o protagonista do longa não possui a profundidade necessária para sustentar uma narrativa em torno de si. Assim, o filme fica no meio do caminho, tomando decisões precipitadas e atropelando algumas de suas subtramas.

Em resumo, Kapoor & Filhos é construído a partir de personagens superficiais e de uma trama previsível, com subtramas ainda mais básicas, tornando a experiência mediana e facilmente esquecível.

Nota: 5,2
Mateus Pina,
Engenharia Mecatrônica, 2º ano.


Kapoor & Filhos foi minha primeira experiência Bollywoodiana, e tenho que admitir, fiquei muito surpreendido. O enredo não é inovador, semelhante a diversas tramas que abordam conflitos familiares, em que os filhos Kapoor retornam para casa na Índia e toda família se reúne novamente. Obviamente, momentos do passado, traumas, conflitos mal resolvidos, retornam à tona e sustentam todo drama da obra.

Entretanto, é nítido as características Bollywoodianas que supostamente deveriam trazer um tom cômico para o filme, mas que na realidade geram estranheza e certa vergonha alheia. Isso é explícito nas diversas cenas de dança longuíssimas que não fizeram muito sentido ou muito menos foram colocadas nos momentos mais oportunos. Por outro lado, esperava mais da influência indiana no filme, assim como é comumente estereotipado, sendo assim, há uma grande pitada ocidental no filme, de fato.

Em relação aos personagens, alguns foram construídos adequadamente, outros são completamente aleatórios, e assim, algumas relações não são tocantes, na verdade são extremamente superficiais, como por exemplo o contato dos irmãos Kapoor com Tia e o triângulo amoroso formado. Outro exemplo é a relação da família Kapoor “principal” com a família dos tios, que na verdade só serviu para dar volume ao todo.

No sentido do drama, foi realmente emocionante o último ato, apesar de alguns conflitos terem sido ligeiramente forçados para criar um bicho de sete cabeças nos laços familiares enquanto o avô queria unir todos em uma foto. Mas mesmo assim, a reflexão sobre os atos falhos de cada um, isto é, que todos erram, foi bem feita e serve como um bom “tapa na cara”.

Logo, Kapoor & Filhos não inova ou impressiona, possui fraquezas no roteiro e nas relações, mas se trata de um bom drama que possui suas levezas e atinge seus objetivos, além de ter dado uma boa impressão pessoal em relação a produção de Bollywood, me deixando curioso para assistir outras obras.

Nota: 6,9
Luca Paniago,
Engenharia Mecânica, 2° ano.


Para ser sincero eu nunca assisti antes algum filme indiano, o que eu conhecia eram aqueles memes que ironizam produções toscas, como a cena de um cara com seu cavalo passando debaixo do caminhão, as animações infantis que mostrava o cinema indiano terminava e as adaptações hollywoodianas. E assistir ao filme foi uma experiência diferente e, de certa forma, importante para quebrar alguns preconceitos a Bollywood. 

Uma questão importante perceptível e, às vezes, incomoda na narrativa é o acúmulo de informações em uma cena, principalmente nas brigas familiares. Para exemplificar a situação é a cena da primeira discussão entre os familiares, onde o Armajeet (o avô) ainda está no hospital e um encanador foi consertar o encanamento do banheiro com vazamento, nessa situação temos a Sunita e Harshvardhan (os pais) discutindo como iriam pagar o tratamento do avô, a mãe dizendo que poderia tirar do seu depósito pessoal para isso e o pai falando que era melhor pedir emprestado para o seu irmão, enquanto isso o Rahul sugere ele pagar a conta, com isso o pai fala que utilizou o dinheiro do depósito pessoal em um investimento em um restaurante e a esposa desconfia que o dinheiro foi dado para Anu (suspeita de traição), o Arjur chega na casa, escuta a situação e quer ajudar com o dinheiro e Rahul ironizando, com isso os dois quase sai na porrada e Arjur discute com a mãe pelo tratamento privilegiado do mais velho, isso tudo com 3:39 minutos e ao mesmo tempo.

Outro ponto é a atuação que às vezes é exagerada para a situação e outras que falta emoção, mas acaba sendo mais pontual e não incomoda muito para a proposta.

E os clipes no meio do filme? É até tosco e engraçado (não pelo motivo certo), parece até que foi um acordo para a produtora de música não gastar com a produção e conseguir uma propaganda por esta disponível na Netflix.

E, momento 5ª série, não consigo segurar que o Arjur queria ficar com a Tia!

Por fim, mesmo com os seus problemas, é um filme agradável de assistir e poderia ser facilmente aquele filme de assistir a tarde sem compromisso, curtindo as piadas, se importando com o drama, às vezes bobo/exagerado, da história e aproveitar os momentos de música para esquentar a pipoca de microondas!

Nota: 5,1
Maikon Yukio,
Engenharia Civil, 5º ano.


Você sente cheiro de café, passa pela sala e lá está sua avó, meio adormecida, meio acordada, assistindo à novela da tarde. Kapoor & Filhos redesperta essa memória e esse sentimento, não só porque trata de um ambiente familiar com suas questões próprias, mas também pelo estilo da obra que se aproxima à programação vespertina da Rede Globo. 

De início, o filme indiano pode causar estranhamento: apresenta situações aparentemente irrelevantes, piadas sem graça e rupturas bruscas no humor. Contudo, uma vez iniciado, vale a pena ser concluído: os minutos finais concentram a agilidade que, até então, se fazia ausente na obra. Reviravoltas encadeadas, sentimentos vibrantes e a possível identificação do espectador com a tela estão condensados nos encerramento e é o que o torna especial. 

Entretanto, leitor emocionado, não espere um espetáculo de filme, ele é simples e lembra as tardes em família, de um viver despretensioso, recheado de brigas e retratações. No fundo, você sente falta dessas tardes e, no fim, o filme talvez te agrade, pura e simplesmente pela nostalgia despertada. 

Nota: 5,01
Veronica Duval,
Engenharia de Produção, 2º ano.


O filme é uma grande briga de família, tendo que se reunir depois de anos separada. Tendo os irmãos Kapoor como personagens principais, é interessante ver a percepção deles sobre a vida, sobre o relacionamento dos pais, e as questões internas pelas quais eles passam em relação à família. Quem tem irmão sabe que uma mesma situação sempre é sentida de modo diferente por cada um, ou que certas coisas podem ser muito claras para um e difíceis de aceitar para o outro, como os problemas no relacionamento dos pais, que apenas um dos filhos percebe como algo claro e o outro demora a aceitar. 

Essas questões familiares são tema de muitos outros filmes, mas o que torna Kapoor & Filhos diferente, é a personalidade e aproveitamento dado a todos os personagens do núcleo principal da história, todos da família tem sua vida e suas questões, e nenhum personagem (do núcleo principal, importante destacar novamente)  passa a sensação de que está ali apenas para complementar a história dos outros. Além de se passar na Índia, em um contexto diferente do nosso, de forma que podemos conhecer um pouco mais os costumes do país.

Nota: 7,0
Beatriz Toscano
Engenharia Ambiental, 2º ano

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