735 dias depois, voltamos! Contemplem a primeira edição de 2022 d’O Politécnico, aquela que marca o retorno à Poli presencial! Finalmente!
Finalmente?
Tendo em vista a gritante necessidade de recuperar os danos causados pela pandemia na educação e as melhoras consequentes do avanço da vacinação no país, era inevitável o retorno quase que irrestrito do ensino presencial na Escola Politécnica neste primeiro semestre — ainda que outras unidades da Universidade de São Paulo tenham optado por soluções diferentes.
Vacinação completa, uso de máscaras adequadas, ventilação constante, distanciamento social e um plano muito bem traçado para quando alguém for infectado são alguns dos elementos indissociáveis de um retorno minimamente seguro e responsável — embora nem todos estejam sendo plenamente assegurados aos politécnicos. Fato é que uma gradual restauração da normalidade passa diretamente por cuidados que nem todos parecem estar dispostos a tomar.
Aliás, foco no gradual. Há dois anos, os cursos da Poli vêm sendo ministrados de maneira remota. Apesar da pronta transição do ambiente físico para o online, os cursos de graduação não foram planejados para esse novo modelo, e, ainda que tenha havido um esforço admirável de parte do corpo docente, o ensino remoto deixou marcas consideráveis no desenvolvimento dos alunos. Além disso, vale ressaltar que os ingressantes de 2021 e 2022 também tiveram boa parte de seu ensino médio prejudicado.
Portanto, retornar abruptamente ao modelo antigo e ignorar a incalculável defasagem sofrida nos últimos semestres (em todos os âmbitos) é inconcebível. Da mesma forma, não é sensato se deixar levar pela euforia do enfim encontro (ou reencontro) com a Poli.
Tanto na esfera sanitária quanto na educacional, é indispensável lidar com a situação de maneira racional e muito bem calculada. Caso contrário, as dificuldades sofridas nos últimos dois anos serão irrisórias em comparação às consequências do que um regresso atabalhoado pode causar.
Não é necessário abdicar das oportunidades que serão apresentadas nos próximos meses, mas, já que essa é uma escola de engenharia, que tal elaborar um plano cartesiano para analisar quais situações realmente valem a pena? Tomar riscos calculados e que verdadeiramente compensem, é primordial. Um sopro de bom senso e de racionalidade que seja já contribui (e muito!) para mudar os ventos do cenário geral.
Neste momento, é necessário cautela para, finalmente, irmos à Poli. Cabe a nós o esforço necessário para que essa situação seja, de fato, final, e não apenas mais um ponto de inflexão de uma complexa e interminável curva.
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