Uma semana e quatro dias depois. Daqui lhes escrevo do passado, sem saber o que o futuro nos promete.
Apesar de não ser diário ou semanal — como muitos bixos fizeram questão de me perguntar —, o jornal O Politécnico inova em 2022 e tem o prazer de anunciar a sua segunda edição, com um intervalo recorde após a primeira!
Nas páginas desse post, você vai encontrar diversos tipos de textos: críticos, polêmicos, subversivos, reflexivos… enfim, todo tipo de conteúdo! A variedade é imensa e só duas coisas os une:
1) A mais absoluta falta de compromisso com a realidade (mas nem tanto assim);
2) E a brutal falta de graça.
A ideia desta edição como um todo e de vários dos textos aqui presentes foram desenvolvidas durante nossas reuniões semanais, que acontecem às 11h15min na sala de reuniões do Grêmio Politécnico toda quarta-feira (essa parte é verdade).
E se você quiser colaborar com este projeto sem ter o desprazer de interagir com a insuportável equipe do jornal, também pode enviar seu texto pelo nosso site!
Mateus de Pina Nascimento,
Engenharia Mecatrônica, 2º ano.
Estudante denuncia abuso de autoridade na Poli
Um estudante de engenharia civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) registrou um boletim de ocorrência alegando abuso de autoridade dos editores-chefes do jornal O Politécnico na tarde desta segunda-feira (28) em São Paulo. O caso foi registrado pela polícia na Avenida Prof. Luciano Gualberto, na Zona Oeste da capital.
Visivelmente abalado, Roberto Ortega, de 23 anos, relatou: “Depois de todo o sofrimento dos últimos dois anos, a última coisa que eu esperava era que o jornal retirasse o sudoku de sua edição impressa. Foi um baque muito grande”.
Na saída do 51º Distrito Policial, ele ainda afirmou que “é um absurdo que o jornal, que adora fazer propaganda de ser um espaço acolhedor e aberto, tenha retirado o entretenimento matinal de milhares de politécnicos dessa forma, com tanta insensibilidade”.
No entendimento de Luiz Piffer, professor de direito penal pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a atitude foi temerária e inconstitucional, sendo recomendado ao Congresso o estudo da possibilidade de aprovar uma medida provisória com caráter de urgência que permita a prisão perpétua no Brasil para casos como esses.
Luiz acrescentou: “A cada dia, nós vemos uma nova agressão à lei no país, um novo limite sendo cruzado. Chega! É preciso responsabilizar os culpados de uma vez por todas”.
Procurados pela reportagem, Mateus de Pina Nascimento e Rafael Varanda Bernardo, os editores-chefes d’O Politécnico, preferiram não se pronunciar.
Apesar do julgamento público já ter dado o seu furioso veredito, o caso será encaminhado para a Procuradoria Geral do Estado de SP, que será a responsável por definir os próximos passos. A expectativa é que a ação seja levada a tribunal.
Mateus de Pina Nascimento
Engenharia Ambiental, 2º ano
Inexistência de Pombos na USP
Muitas dúvidas já assombraram a humanidade. Qual o sentido da vida? Para onde vamos quando morremos? O que existe dentro de buracos negros? Qual a resposta do item 7a da lista 0 de cálculo I? Talvez algumas dessas perguntas nunca serão respondidas, e com o tempo acabamos nos conformando com isso. Contudo, existe um questionamento que se sobressai, algo que ainda hoje assombra qualquer politécnico, tirando suas preciosas (e poucas) horas de sono: Onde estão todos os pombos da USP?!
São Paulo é uma das cidades mais povoadas do mundo. Por humanos? Não! Por pombos! Os miseráveis que se esgueiram em busca de migalhas estão em todo o lugar, te esperando para te pegar de surpresa. Nos parques, nas esquinas, nos botecos, nos esgotos e até mesmo dentro da sua casa (atrás de você!!!). Eles estão em todos os lugares. Contudo, dentro da cidade universitária, esses seres (não) vivos (quem terá a certeza?) não aparecem. Nunca conheci NENHUM universitário que viu algum pombo dentro da Cidade Universitária.
O choque é instantâneo! Inclusive peço perdão caso o leitor nunca tenha antes se deparado com esse questionamento. Esse é um dos casos a ignorância é uma dádiva (visto o trauma ocasionado pelo saber). Formulam-se teorias: seriam as árvores? Seria a radiação emitida pelos laboratórios? Ou até mesmo um pacto realizado com uma entidade superior que os expurgou? Alguns chegam até a fazer piadas sem graça (com vista à gravidade do trauma), relacionando a ausência desses animais com a econômica alimentação dos bandecos. Contudo, embora criativas, nenhuma dessas hipóteses é válida. A verdade é muito mais brutal e severa, cabendo só a mim, o autor desse texto, conseguir ter escrúpulos o suficiente para chegar ao fim dessa investigação.
A verdade, pasmem, é que os pombos foram expulsos do campus da USP quando o Grêmio Politécniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii……………………………—————————————————-
.–. .-. ..- Foi impossível exibir o conteúdo da mensagem
Rafael Varanda Bernardo,
Engenharia Mecatrônica, 2ª ano.
Ingressante vai comprar um triedro de Frenet com pontas de diamante e volta para casa de mãos abanando
Em mais um deplorável episódio na Escola Politécnica, a gestão de 2022 do Grêmio repete o descaso característico dos últimos anos e não oferece no catálogo de sua loja triedros de Frenet com pontas de diamante, obrigando os estudantes — que deveriam se sentir representados e acolhidos pela entidade — a passarem longas horas debaixo de forte sol e chuva em busca desse material imprescindível à formação acadêmica.
Tendo em vista essa crescente demanda da comunidade politécnica, o jornal O Politécnico tem o prazer de anunciar uma seção de classificados destinada à venda deste material, juntamente com o comércio da graxa em pó e do martelo para desempenar vidro para os estudantes de mecânica.
Para anunciar o seu, basta entrar em contato pelo site ou pelas redes sociais do jornal.
Mateus de Pina Nascimento,
Engenharia Civil, 2º ano.
Circular 4
Nova linha que pretende unir a Cidade Universitária, USP Leste e o quadrilátero da saúde está sendo projetada para operar no 2º semestre. Novos ônibus articulados, contando com ar condicionado, música ambiente e serviço de garçom já foram designados pela SPTrans. A linha se chamará 8042, mas já é tratada como “circular 4”. O ônibus sairá da USP Leste e terá como ponto final o P2.
Arthur Belvel Fernandes,
Engenharia Mecânica, 3º ano.
Circular 5
Nova linha que pretende unir a Cidade Universitária, USP Oeste e o quadrilátero da saúde está sendo projetada para operar no 2º semestre. Novos ônibus articulados, contando com ar condicionado, música ambiente e serviço de garçom já foram designados pela SPTrans. A linha se chamará 8052, mas já é tratada como “circular 5”. O ônibus sairá da USP Oeste e terá como ponto final o P2.
Arthur Belvel Fernandes,
Engenharia Mecânica, 3º ano.
Nova disciplina optativa causa alvoroço na Escola Politécnica
Não é novidade que o período de matrículas é conturbado e repleto de emoções (ingressantes, não se preocupem, a hora de vocês vai chegar!). E neste semestre não foi diferente. Com a volta ao ensino presencial, esperava-se que houvesse uma pitadinha extra de confusão na grade horária dos politécnicos. Não faltam exemplos de alunos que se matricularam em disciplinas no campus de Lorena; confia, vai dar tempo de chegar lá em 10 minutos saindo do Biênio!
Entretanto, o que realmente causou uma comoção na comunidade politécnica não foi o retorno presencial, e sim a oficialização de uma nova disciplina optativa, que já nasceu batendo recordes de inscritos. Um aluno, inclusive, enviou um requerimento ameaçando tocar Legião Urbana o dia inteiro na sala do coordenador da disciplina caso ele não fosse contemplado com a vaga.
Querida por muitos, disputada por todos, PRG-0000 — Casquinha na Graduação é ministrada diariamente no Triedro, lanchonete localizada ao lado do Biênio.
Por fim, em nome d’O Politécnico, gostaria de fazer um pedido público de desculpas. Estamos cientes da popularização das reviews de optativas realizadas pelo jornal e trabalhamos duríssimo para que seja possível a presença de um texto sobre PRG-0000 na terceira edição dessa subcoluna. Estamos dando o nosso melhor, então, por favor, parem de nos cobrar!
Mateus de Pina Nascimento
Engenharia Elétrica, 2º ano
Diretoria da Poli anuncia inauguração de estátua
Nesta sexta-feira (1), a diretoria da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) atendeu aos pedidos dos alunos e oficializou o projeto da estátua de Luca Paniago, ilustre politécnico homenageado por sua formação meteórica. A estátua será localizada onde atualmente está o bloco A do prédio do Biênio, popularmente conhecido como Cirquinho, que será demolido na semana que vem. Em consequência disso, muitos alunos ficarão sem salas de aula e terão que ser prontamente expulsos da Poli, medida extremamente positiva que tem como efeito indireto a diminuição da fila dos “bandejões” e dos ônibus circulares.
Com a estátua já assegurada, agora os alunos partem para uma nova reivindicação: garantir que o nome de Luca seja eternizado no Guiness Book como o homem que se formou mais rápido na Escola Politécnica, com 5 anos, 2 meses, 28 dias, 12 horas, 4 minutos e 37 segundos. O recorde anterior era de 8 anos e 4 meses.
Mateus de Pina Nascimento,
Engenharia Mecânica, 2º ano
Aluna rouba bancos após 24h na fila para bandejar
Na tarde desta sexta (1), uma jovem estudante da Universidade de São Paulo foi presa em flagrante após tentativa de roubo aos bancos do campus, portando apenas uma faca de cozinha e uma máscara facial com dois furos nos olhos.
Pessoas próximas à criminosa relatam que o fato ocorreu depois de um dia inteiro acampando na fila para almoçar no restaurante universitário, o qual supostamente teria a refeição composta por strogonoff com batata palha e pudim de sobremesa. Faminta e com apenas cinco minutos para chegar no prédio onde teria a aula seguinte, a meliante partiu para um gesto desesperado: assaltar os bancos mais próximos para poder consumir uma refeição na cantina de seu instituto.
Testemunhas relatam que a aluna gritava aos policiais na hora do flagrante: “Meu único arrependimento é não ter tentado bolsa no Mackenzie!”.
Yasmin Ramos de Azevedo
Engenharia Civil, 1º ano
USP contrata guardas da CET para organizar as filas dos bandejões
O retorno ao ensino presencial na Universidade de São Paulo vem sendo marcado por filas enormes nos restaurantes universitários. Com a necessária diminuição da capacidade dos populares “bandejões” devido à pandemia (e com a falta de atitudes complementares para atenuar os efeitos dessa medida), não faltam exemplos de estudantes gastando zilhões de horas nas filas para se alimentar.
À reportagem, uma estudante (que preferiu não ser identificada) declarou ter esperado por cerca de uma hora e meia para comer no “bandejão” da Física. Revoltada, ela afirmou: “Eu fui nos três dias do Lollapalooza, e a maior fila que eu peguei neste mês foi no ‘bandeco’. E o pior: com 45 minutos de espera, debaixo de um sol de rachar, percebi que esqueci meu copo!”.
Há, inclusive, diversos relatos de pessoas alugando cadeiras e vendendo seus lugares na fila, para, com o dinheiro, comer em um lugar com um tempo de espera menos obsceno. Ontem (31), em um caso que chamou a atenção, um ingressante da Escola Politécnica segurava um cartaz com os seguintes dizeres: “VENDO LUGAR NA FILA EM TROCA DA RESOLUÇÃO DA LISTA 0 DE CÁLCULO”. Como ninguém nunca fez aquela lista, ele foi obrigado a almoçar.
Esse movimento de escambo, que começou de maneira orgânica pelos alunos, despertou o interesse de cambistas de toda a região. Um deles afirmou ter largado seu posto no Estádio do Morumbi nesta quinta-feira, após o recorde de 60 mil torcedores presentes, alegando que “as filas aqui são muito maiores”.
Nesta sexta-feira (1), foi possível observar diversas pessoas acampando na frente dos restaurantes, em busca de assegurar seu almoço de segunda.
Informações não oficiais dão conta de que a noite da Universidade foi invadida pelo cheiro de marshmallow nas fogueiras desses guerreiros, odor que atraiu capivaras de todo o campus, gerando uma batalha épica digna de filme — rumores indicam que a Warner Bros estaria negociando os direitos para que Zack Snyder fizesse um longa de quatro horas e meia em preto e branco sobre, chamado Madrugada das Capivaras; qualquer atualização a respeito será postada n’O Politécnico.
Mateus de Pina Nascimento
Engenharia Naval, 2º ano
O Circular está impossível, afirmam politécnicos
Domingo, 6h da manhã. Thiago Massachusetts, morador da Zona Sul de São Paulo, acorda, faz seu café, e em meia hora sai de casa para não se atrasar. Em menos de 5 horas, já está na Estação Butantã. Caminha para fora do metrô e se surpreende com a fila do 8032-10, circular favorito dos politécnicos: “Estava enorme! Quatro voltas no quarteirão! Fiquei com medo de não chegar a tempo da aula”. E foi o que aconteceu: passaram os ônibus, a fila diminuiu lentamente, dois circulares quebraram e Thiago chegou na segunda-feira, por volta das 8h15, atrasado para sua monitoria de PMT3100.
Infelizmente, o estudante não é o único a reclamar da situação dos ônibus com destino à Cidade Universitária. Diariamente, a equipe do jornal O Politécnico recebe diversas denúncias da dificuldade de locomoção por meio dos circulares. Como é o caso da Anna Gracias em seu relato da quinta-feira da semana passada: “Nunca esperei tanto tempo para pegar um circular. Nem mesmo o 8012 me ajudou!”, disse. “Estava com tanto sono”, desabafou a jovem, que não conseguiu dormir adequadamente porquanto passara as últimas noites resolvendo a lista 9 de Cálculo I. Anna, de tanto esperar, quando finalmente conseguiu entrar no ônibus aproveitou a sorte de encontrar um assento disponível e acabou dormindo. Para seu arrependimento, o sono foi tão profundo que acordou na Ilha de Madagascar.
Os estudantes da Escola Politécnica se perguntam se essa situação dos circulares é permanente. Será que melhorará após a P1? Será válido construir uma estação de metrô dentro da Cidade? Um “bandejão” será aberto na fila do ônibus 8022? São muitos os questionamentos, mas um parece esquecido. É o que lamenta Maurílio Ferrari, aluno desde 2013, cofundador do curso de Engenharia Ambiental, que até hoje aguarda seu Bilhete USP (BUSP). “Sem comentários”, comenta Maurílio.
Murilo Ferreira Noronha,
Engenharia de Produção, 2º ano
Circulares e Furiosos
Nas últimas semanas, com o retorno presencial, muitos ingressantes e veteranos regressaram ou foram até apresentados à USP e todas as suas peculiaridades, como os restaurantes universitários, os anfiteatros e os circulares. Sobre esse último, que vem causando muita dor de cabeça por conta do longo tempo de espera e por estar sempre cheio. Nos últimos dias, houve uma descoberta que pode mudar o modal de transporte na Universidade.
A equipe de jornalismo investigativo d’O Politécnico, após dias de trabalho árduo e arriscado, reuniões que entravam pela madrugada e riscos até de vida para seus componentes, descobriu um lado secreto e perigoso dos Circulares 8012-10, 8022-10 e 8032-10.
Tudo começou com uma mensagem anônima, recebida por um dos nossos componentes, que chegou pelo CuriousCat e dizia ter informações sérias sobre os circulares. Após alguma conversa, essa fonte, que será chamada pelo pseudônimo de “João Kleber”, para garantir sua segurança, marcou um encontro presencial. Nele, mostrou prints de diversos grupos de WhatsApp e ofereceu servir como agente duplo, nos passando informações diretamente.
João Kleber explicou a origem: “começou como uma aposta entre dois motoristas do circular que estavam cansados de apostar no jogo do bicho”. A partir disso, mais de 40 cobradores e motoristas se uniram em corridas marcadas durante a madrugada, nas quais se dividiam em times e pilotavam em velocidades nunca antes alcançadas (o que explica a quebra nos velocímetros, reportada por diversos estudantes).
Nós acompanhamos uma dessas corridas. Escondidos em um Celta 2005, quatro portas, motor 1.6 com aerofólio, conseguimos flagrar o momento no qual o ônibus vencedor passou por uma lombada a cerca de 110 km/h e quase capotou. Apuramos que esse mesmo ônibus foi retirado de serviço no dia seguinte.
Nós acompanhamos uma dessas corridas. Escondidos em um Celta 2005, quatro portas, motor 1.6 com aerofólio, conseguimos flagrar o momento no qual o ônibus vencedor passou por uma lombada a cerca de 110 km/h e quase capotou. Apuramos que esse mesmo ônibus foi retirado de serviço no dia seguinte. Os responsáveis pelo circular não quiseram se pronunciar. O jornal segue em busca da verdade por trás das cortinas.
Luiz Antônio Melo,
Engenharia Elétrica, 2º ano
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