Escritório Piloto recebe novos grupos

Prédio da Engenharia Civil da Escola Politécnica

O Escritório Piloto (EP), laboratório interdisciplinar voltado à extensão popular, contará, em 2022, com novos grupos de extensão. Para promover um crescimento mútuo dos grupos, o Museu Para Quem?, o Elas Pela Exatas e a Amphibia agora são parte do Escritório Piloto. Essa junção faz parte da série de mudanças que o EP quer trazer para 2022.

Criado em 1953, o Escritório Piloto surgiu com o intuito de permitir que os estudantes de engenharia civil pudessem aplicar projetos reais de suas áreas. Logo nos seus primeiros anos de existência, passou a integrar o Grêmio Politécnico como um departamento. Assim, adquiriu um viés social: os projetos realizados seriam para comunidades em vulnerabilidade socioeconômica. Desde o início, o EP contou com o auxílio dos professores da Poli e, no decorrer de sua história, deixou de ser centrado na engenharia civil e abarcou as demais áreas da engenharia e de outros cursos, mantendo o viés social. Em momentos passados, como na década de 1980, o EP participou do planejamento e da reforma do CRUSP. 

Ainda que seja um projeto social, o que melhor descreve o Escritório Piloto é ser de extensão popular. Trata-se de um conceito muito bem definido e estudado por diversos pesquisadores, das mais diversas áreas. É, sucintamente, levar para além dos muros da Universidade os conhecimentos aqui desenvolvidos — mas não sem antes se integrar com esse “além-muros”. A proposta do EP não é montar um projeto social baseado no que estudaram aqui na Poli, mas sim desenvolver um projeto que misture os conhecimentos estudados e a vivência da comunidade que recebe o projeto. O ponto chave que marca a extensão popular é que ela parte do pressuposto de que nós, da Universidade, não somos os únicos detentores do conhecimento e que aquilo que será criado trará um aprimoramento tanto para quem aplica quanto para quem recebe. Assim, os projetos serão mais bem feitos, porque usam dos conhecimentos de quem está efetivamente tendo algum problema. 

Fora isso, essa extensão que o EP faz é irrestrita  cumprindo toda a cartela do tripé da Universidade “ensino, pesquisa e extensão”, assim devolvendo à sociedade diretamente. Nesse conceito de extensão popular, o Escritório Piloto trabalha, principalmente (mas não exclusivamente), com a engenharia popular, por ser um laboratório de dentro da Poli. Para aplicá-la, o EP traz consigo uma gestão horizontal, ou seja, não há pessoas que comandem o grupo diretamente. Segundo um dos seus membros, Lucas Costa (representante do EP no Grêmio Politécnico em 2021), isso pode ter contribuído, durante a pandemia, para que o laboratório ficasse menos ativo: como todos tinham outras responsabilidades e problemas para passarem durante esse período, sem que alguém fosse diretamente responsável, muitos grupos puseram o pé no freio. Ainda assim, o EP foi, em grande parte, reestruturado e operou ao máximo, dentro de suas possibilidades. 

Tendo em vista que essa situação é transitória, surgiu, por parte do Escritório Piloto, a ideia de agregar novos grupos para o laboratório. Já havia diversas equipes que participavam do EP, resguardando a ele sua autonomia. Entre eles, temos os coletivos Poli Pride (coletivo LGBTQIA+), PoliGen (coletivo de discussão de gênero), Poli Negra (coletivo negro), que trazem representatividade e acolhimento para minorias sociais dentros dos espaços da universidade (mostrando uma parte de projetos que são voltados à comunidade interna). Além desses, também fazem parte o MovEP, que discute a mobilidade urbana, o PoliGNU, voltado ao estudo de softwares livres, o Bandeira Científica, que promove atividades assistenciais e educacionais ao interior do Brasil, entre outros. Era necessário que o Escritório Piloto estivesse mais ativo e, para isso, novos grupos passaram a o compor.

Esse processo foi feito a partir da discussão entre os membros do Escritório sobre alguns grupos que já atuavam no meio da Poli e que se propunham a realizar projetos sociais. O cerne da discussão, conforme relatado por Lucas Costa, foi se esses projetos se tratavam de extensão popular ou não. Com a confirmação, três grupos foram convidados e aceitaram integrar o EP: a Amphibia, grupo criado em 2020 voltado para projetos socioambientais; o Elas Pelas Exatas, que incentiva jovens mulheres a estudarem e trilharem carreira nas exatas; e o Museu Para Quem? que, usando de produções audiovisuais, busca desconstruir preconceitos por meio da empatia. 

Com essa nova participação, todos crescem. De um lado, o Escritório Piloto passa a ter mais grupos ativos e levando a Universidade para além de seus muros e de outro, os grupos conseguem uma rede de apoio que se baseia não apenas na estrutura física do EP (que tem espaço e infraestrutura próprios no prédio da civil), mas também da relevância desse laboratório e das redes de contato que são geradas. Finalmente, o objetivo primeiro de todas as partes — a aplicação de extensão popular — é alcançado com ainda mais êxito.

Essa é uma das mudanças que veio para 2022, mas não será a única. Os grupos convidados passam a fazer parte, porém não há necessidade de um convite formal para participar do Escritório. Tanto pessoas que queiram contribuir (seja com algum projeto existente ou criando um) quanto grupos que queiram integrar podem entrar em contato e fazer parte do EP!

Desde seu surgimento, a engenharia é responsável por desenvolver melhorias para a sociedade e para as pessoas, e muitas vezes isso é feito por “projetos”. No Escritório Piloto, tais melhorias são, primordialmente, feitas por pessoas.

Arthur Belvel Fernandes
Engenharia Mecânica, 3ºAno

 

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