Por Lucas Paniago (Engenharia Mecânica, 2º ano)
O que move a maioria de nós, politécnicos, jovens, porém cansados, durante nosso período de graduação? Notas? Aulas? Casquinhas d’O Triedro? Para muitos, a resposta será: grupos de extensão. Eles são a chama que nos lembra do objetivo de estar aqui todos os dias, buscando nos tornar grandes engenheiros. Contudo, não é com esse mesmo romantismo que se vive o dia a dia de um grupo de extensão. A realidade é muito menos glamourosa, recheada de percalços e apertos. Então, surge a grande questão: como esses grupos conseguem se sustentar financeiramente para manter essa chama nos politécnicos, até mesmo nas manhãs mais frias de maio? Aposto que muitos não param para pensar nisso — inclusive, eu era um deles, até entrar no mundo da extensão.
Grande parte dos grupos acabam adquirindo caixa a partir de eventos, como palestras, workshops, coffee breaks, feiras de estágio, trazendo pessoas que possam ser interessantes para os alunos da Poli. Essa é uma maneira de contribuir para que os politécnicos tenham um contato com o mundo real da engenharia e vislumbrem futuros projetos ainda mais desafiadores aos grupos. Além disso, há os fundos de doações, “vaquinhas” e similares para auxiliar nas pequenas despesas ou até em objetivos maiores, como competições internacionais ou projetos totalmente inovadores.
Outro caminho muito explorado principalmente pelos grupos técnicos é o de patrocinadores. Geralmente, a relação se dá pela disponibilização de materiais (componentes, peças, dispositivos etc), serviços (usinagem, impressão 3D, treinamentos e consultorias) ou pelo apoio financeiro direto, fazendo o famigerado PIX. Em contrapartida, os grupos conseguem oferecer a tais empresas a divulgação de suas marcas, por meio de posts no Instagram, banners, camisetas com os seus logos, eventos com tempo exclusivo dedicados a essas empresas e até mesmo com as respectivas marcas expostas nos carros, aviões e satélites produzidos pelas equipes.
Há também a importante fundação do Amigos da Poli, uma das maiores fontes de investimentos para os projetos de extensão e pesquisa existentes aqui. Ela se trata de um fundo gerido de forma voluntária por ex-politécnicos e mantido por doações. No último ano, os investimentos totalizaram um milhão de reais em projetos na Escola. Para conseguir tal auxílio, o sistema é parecido com o reality show Shark Tank: deve ser submetido um detalhamento do projeto a ser financiado e, depois, há os Pitch Days, nos quais os grupos têm um tempo limitado para convencer uma banca avaliadora do valor do financiamento. Finalmente, vamos a dois exemplos para materializar a ideia transmitida nos parágrafos anteriores. A Poli Social é um grupo que consegue arrecadar recursos tanto através de patrocinadores para suas consultorias gratuitas, quanto por meio de eventos com temática baseada nos ideais do grupo. Já a equipe Poli Racing é patrocinada de todas as formas supracitadas, tanto pelo Amigos da Poli quanto por materiais, serviços e auxílio financeiro, além da realização de eventos, como para o lançamento de um novos protótipos. Todo esse trabalho é feito para melhorar ainda mais as atividades de cada grupo de extensão, principalmente durante o período de graduação, no qual os recursos são tão escassos.
Chegamos na metade do ano, mas o cansaço que reside no politécnico não o impede de recorrer a todas alternativas possíveis para manter ao menos seus projetos vivos. Trata-se de nos sentirmos pertencentes e manter pulsante a chama que arde em nossos corações, apesar de todo o desânimo gerado em meio às intermináveis semanas de provas. De pouco em pouco, a referência da extensão da Escola Politécnica se mantém, graças a nós mesmos que a fazemos progredir cada dia mais, além de ser a porta de entrada para as empresas investirem em inovações que a Universidade fornece.
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