A importância do voto válido

Urna eletrônica utilizada nas eleições de 2020 (Reprodução)
Por Yasmin Ramos de Azevedo — Engenharia Civil, 1° ano.

Dia 02 de outubro está chegando e você estará diante de uma urna. Comparecer é obrigatório, escolher um candidato não. Estou aqui na tentativa de te convencer a fazer uma escolha mesmo assim.

Vou começar pelo mais doloroso: não sei o quanto você já notou isso na sua própria vida, mas as decisões que temos de tomar ficam cada vez mais difíceis. Não só isso, mas também mais carregadas de responsabilidade. E muitas vezes é extremamente doloroso olhar para aspectos da sua vida que te deixam descontente e lembrar que eles são frutos de decisões que você mesmo tomou. Ainda assim, na esfera pessoal aprendemos a lidar com isso, mais cedo ou mais tarde. 

Entretanto, quando se trata de política, muitos de nós se recusam a enfrentar o fato de que têm também responsabilidade. Veja, é extremamente cômodo e simplista concluir que nenhum candidato em uma eleição presta, que são todos corruptos, mentirosos e falastrões e que nenhum deles é digno do seu voto. Ponto. A partir daí, não é mais culpa sua: você até escolheria algum deles caso fosse o candidato perfeito para você; como nenhum serve, você apenas resistentemente abre mão da escolha. Dessa forma, você não precisa tomar qualquer decisão, apenas aperta o botão “branco” ou um número que não elege ninguém e segue sua vida confortavelmente, dizendo a si mesmo todos os dias, independente do resultado, que você não compactuou e não contribuiu para que nada ruim acontecesse. Mas não é verdade.

E então entramos no segundo ponto: quando você se abstém de uma decisão, tão somente está contribuindo para que um cenário X aconteça. Lembremos das eleições de 2018, cuja taxa de abstenção foi mais alta do que o comum (que já não é um número insignificante) — quase 30 milhões de brasileiros não compareceram às urnas na ocasião. Cada uma das pessoas que se negou a escolher “um lado”, escolheu “um lado” — o que ganhou. Era claro qual era o cenário mais provável, e apenas uma forte mobilização o evitaria. Em cada uma das crises desencadeadas por erros da incompetente gestão do atual presidente, quem se absteve pode alimentar o próprio ego e afirmar categoricamente que não votou nele, que não é sua responsabilidade. Mas o fato é que, ao contrário do seu voto válido, tanto seu voto nulo quanto seu ego não mudam em absolutamente nada a situação do país. Nem do seu estado ou da sua cidade. E cada voto não válido de 2018 contribuiu tanto quanto os votos válidos no atual presidente para a situação que vivemos hoje. E então você me diz: “Mas o outro era ruim também!”.

Agora, infelizmente, vou ter que enfatizar: nenhum candidato é perfeito. Principalmente no que diz respeito a candidatos à presidência. Afinal, a pessoa que está ali em geral já tem uma carreira política com vários aspectos que vão desagradar. Se você mesmo se candidatar, uma parcela numerosa de eleitores não vai ficar plenamente satisfeita com tudo que você diz, faz e acredita. Entretanto, algum daqueles  candidatos vai ser seu representante e é parte da sua responsabilidade como cidadão escolher, de acordo com suas crenças, qual deles oferece o melhor para a nossa democracia, de acordo com a sua visão de mundo. Se você engolir a teimosia por cinco minutos e fizer uma análise justa de propostas, alguma delas vai ser mais compatível com o que você acredita, mesmo com as imperfeições do candidato em questão. Se precisar, faça uma lista de prós e contras, uma matriz de decisão, não sei, alguma forma deve ter. 

Um caminho é eleger representantes do Legislativo que sejam melhores para você, já que eles têm por função fiscalizar o executivo. Você escolhe, ao mesmo tempo, o chefe do executivo que tem o melhor a oferecer e pessoas que te representam ainda mais para cobrar que ele, de fato, ofereça o melhor.

Por último e não menos importante: respeite as vidas que foram perdidas na luta para que você tenha o direito de ir às urnas amanhã. O Brasil nem sempre permitiu que os cidadãos pudessem escolher seus representantes e foi necessário muito para que conquistássemos a democracia que temos hoje. A democracia é poderosa, soberana. É fundamental que cada um dos brasileiros valorize isso e a defenda, hoje, amanhã e sempre.

Neste domingo, é entre você e a urna. Lembre-se: o voto é secreto, nossas decisões nunca vão ser completamente fáceis e nenhum candidato é perfeito. Mas, a cada dois anos, você tem o poder de efetivamente ajudar a construir um Brasil melhor. Vote consciente!

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