Entrevista com Carolina Mendes, presidente da chapa Revoada

Única chapa inscrita no processo eleitoral, a Revoada caminha para seu quarto ano de gestão do Grêmio Politécnico. (Reprodução: Revoada)
Por Mateus de Pina Nascimento (Engenharia Mecatrônica, 2º ano)

O jornal O Politécnico retoma a já tradicional cobertura das eleições do Grêmio Politécnico da USP, com o objetivo fundamental de promover o debate público na Poli. Neste ano, o pleito ocorrerá entre os dias 7 e 9 de novembro, tendo como única chapa a Revoada, que caminha para o seu quarto ano consecutivo de gestão da entidade. Sendo assim, a candidata à presidência pela chapa, Carolina Mendes, concedeu esta entrevista, que contou com a anuência da Comissão Eleitoral. Leia a seguir!

Qual a importância do Grêmio para você?
Estou no meu terceiro ano de Poli. Entrei sem ter um contato muito próximo com o Grêmio, mas hoje consigo ver como a entidade sempre me influenciou. Assim que entrei na Poli, li o Manual de Extensão e fui na Feira de Extensão, organizados pelo Grêmio. A partir disso, conheci a iPoli, grupo de que hoje eu sou presidente e que me trouxe muitas amizades e experiências positivas. Além disso,  conheci mais a fundo a extensão universitária e decidi que era algo que eu queria fazer parte, tanto que me levou a ser diretora de extensão do Grêmio neste ano. Em 2021, também participei do evento de IC como espectadora e decidi fazer uma iniciação científica por conta disso. Então, foi só quando eu passei a realmente me engajar com os projetos que eu percebi mais claramente, mas o Grêmio esteve presente na minha vida desde sempre.

Por que você se identifica com a chapa Revoada?
Como eu disse, passei a ter uma sensação mais clara do que o Grêmio era para mim e me identifiquei muito com o seu propósito de representar os alunos. Já com dois anos de graduação, participando de grupo de extensão, sendo monitora e fazendo iniciação científica, eu tinha uma certa ideia do que era a Poli. E, com isso, eu sabia o tanto de coisa que o Grêmio fazia e o quanto isso influenciava os alunos. Mesmo online, diversos projetos faziam com que a vivência do politécnico fosse a melhor possível. Lembro de toda a discussão sobre o acesso a computadores, além de uma série de problemas com provas, e o Grêmio estava sempre lá para resolver.
Depois, entendendo um pouco mais de perto, conheci a chapa Revoada. E, aí, para mim, o Grêmio ficou ainda melhor! Eu conheci um grupo de pessoas que se preocupava com o Grêmio de uma forma muito próxima com a minha, que entendia (e entende até hoje) o que é ser um diretor do Grêmio. Existe essa cultura dentro da Revoada que você não é o diretor de uma área, mas responsável por tudo o que acontece no Grêmio. Os alunos não te elegeram, por exemplo, para ser diretora de extensão, mas para representá-los. O compromisso é levado muito a sério dentro da chapa, e a Revoada me fez ficar ainda mais animada para participar do Grêmio.

Por que você se considera apta para assumir a presidência do Grêmio?
Nos últimos três anos, vivi várias experiências aqui na Poli, nos três pilares da Universidade (extensão, ensino e pesquisa) e vi o quanto ainda temos para melhorar. Vi o tanto de evolução que já tivemos, claro, mas também o quanto ainda dá para fazer.
Quando me chamaram para ser diretora, foi muito legal porque eu já tinha uma conexão muito próxima com a extensão universitária, que foi essencial para mim. A pandemia começou assim que eu entrei na Poli, então foi realmente uma questão de pertencimento para mim — foi no meu grupo de extensão que eu conheci os meus amigos, as pessoas com quem eu convivia. Quando me tornei diretora, fui conhecendo a fundo a entidade e me envolvendo em outros projetos; com isso, percebi ainda mais a dimensão do Grêmio e o poder que ele tem para realizar mudanças aqui na Poli.
Então, respondendo a pergunta, eu me considero apta por conhecer o funcionamento do Grêmio e da Poli e pelas experiências que eu já tive. Nesses três anos de iPoli e nesse ano de Grêmio, eu já geri uma equipe de 30 pessoas, já organizei eventos e já tive diversos problemas solucionados sob a minha liderança. Essas experiências me agregaram muito na questão de organização, engajamento, comunicação e até representação, o papel principal do Grêmio. Assim, eu me considero apta por conhecer as necessidades dos alunos e ser capaz de defendê-las.

Qual seu diagnóstico da gestão do Grêmio neste ano? O que você identifica como principal ponto positivo?
Neste ano, a gente aprendeu muita coisa. É até anormal para uma gestão do Grêmio, mas muitas pessoas da atual gestão pisaram pela primeira vez no Grêmio como diretores e, ao mesmo tempo, estavam aprendendo a lidar com a Poli presencial e fazendo com que outros alunos conseguissem lidar com ela. Isso foi algo muito fora do padrão, fez a nossa gestão ser um pouco diferente, com uma visão do Grêmio muito diferente das outras. Então, nós conseguimos trazer coisas novas e agregar de uma forma diferente na Poli por conta disso.
Para mim, o principal acerto da nossa gestão foi a adaptabilidade. No início do ano, ajudamos não só os alunos a se adaptarem à Poli presencial, mas as próprias empresas do Grêmio. Afinal, só o Poliglota ainda estava aberto (e ele também teve que ser reestruturado), O Triedro foi inaugurado, e a Copiadora, reaberta. Então, tanto interna quanto externamente, o contato com os alunos, a representação discente, tudo mudou bastante. Mas a gente conseguiu perceber muita coisa ao longo do ano, com a volta ao presencial, principalmente a disparidade social dentro da Poli, que ficou muito mais escancarada, e foi algo que a gestão Revoada 2022 se preocupou muito em tratar da melhor maneira possível. Então, eu sinto que o maior acerto da nossa gestão foi conseguir identificar esses problemas e buscar a melhor forma para solucioná-los.

E o destaque negativo?
O nosso maior erro foi a comunicação. Por causa da pandemia, nós tínhamos uma visão de como entrar em contato com os alunos normalmente pela redes sociais, o que não funcionou tão bem neste ano e que a gente já tem que planos para mudar para o próximo, com uma divulgação mais focada no presencial, entrando mais em contato com os alunos, para que eles realmente vejam o trabalho do Grêmio. Nós focamos bastante na divulgação pelo Instagram, pelo WhatsApp, mas agora a ideia é fazer mais coisas presenciais, voltando a imprimir o boletim informativo (um projeto que já existe dentro da área de comunicação), que organiza todos os eventos e projetos que estão acontecendo naquela semana na Poli para passar de forma compilada aos alunos, distribuindo os boletins pelos prédios. Além disso, o próprio O Triedro tem uma infraestrutura muito legal de projetor e de caixa de som, que podem ser utilizados para divulgação, atingindo o público, já que é um lugar bem movimentado.

A Revoada está caminhando para seu quarto ano de gestão. Qual o balanço que você faz da administração de vocês como um todo? E o que a Revoada tem feito para se renovar?
Para mim, o fato de sermos uma chapa de continuação diz muito. Todo ano, eu sinto que a Revoada melhora em algum aspecto, e todas tiveram desafios diferentes. Em 2020, a primeira gestão Revoada lidou com a transição para o modelo remoto. A segunda gestão fez exatamente o oposto, tendo que estruturar o retorno presencial, uma pauta que deixou os alunos muito incertos, porque não sabiam como estava a condição sanitária ou como a USP se posicionaria. Então, a gestão sempre esteve em comunicação com a diretoria para garantir que isso fosse resolvido da melhor forma possível, pensando também na questão logística para os alunos — muitos estavam em outros estados, então era algo que não poderia ser feito de um dia para o outro. Já em 2022, a nossa gestão foi responsável por fazer a continuação disso, efetivando a transição para o presencial e lidando com uma série de questões, desde acadêmicas (com disciplinas se adaptando ao presencial, por exemplo) até relativas à vivência dos alunos, que não sabiam mais o que era estar no ambiente da Poli e como se integrar presencialmente.
E, para o ano que vem, vamos aprender com todas as Revoadas para fazermos um trabalho ainda melhor. Vários projetos tradicionais serão mantidos e adaptados de forma a atingir o público da melhor maneira possível. Um exemplo é a Semana de Inovação, que neste ano foi feita principalmente em um modelo de palestras, que nós percebemos que não era o ideal, já que a Poli está com uma supersaturação desse tipo de evento. Então, a proposta é que seja mais parecida com uma feira de estágios, em que os alunos terão contato direto com as empresas, o que é muito mais proveitoso para eles tirarem suas dúvidas e estabelecerem essa comunicação. Mas teremos também projetos novos. Pensando na questão social da Poli, que eu citei, teremos o “Um dia na Poli”, que trará alunos do Ensino Médio de escolas públicas, que normalmente não têm contato com o ambiente universitário, apresentando a Poli como uma possibilidade real. Além disso, teremos o “Poli PPI”, uma roda de conversa com aprovados com essas cotas para entender melhor suas demandas e levá-las às demais entidades representativas. 

Neste ano, há apenas uma chapa concorrendo ao Grêmio, o que não acontecia desde 2015. O que a entidade perde com isso? Você acredita que isso empobrece o debate dos problemas da Poli?
Eu sinto que todo processo democrático perde com isso. Em todos os outros anos, a Revoada teve oposição. E, em todos eles, nós aprendemos muito com ela. É muito importante ter pessoas que digam o que a gente pode melhorar. Isso é algo que nós sempre levamos muito a sério na Revoada. Não ter uma chapa de oposição mostra algo que entristece muito a gente: a falta de interesse dos alunos no Grêmio Politécnico, algo que nós também pretendemos melhorar, mostrando aos alunos o impacto enorme do Grêmio na vida deles. Além disso, nós realmente queríamos ter essa possibilidade de debater ideias e pensar em mais propostas para o próximo ano.
Nós pensamos em algumas alternativas para tentar contornar essa situação, buscando mais momentos abertos de conversa com os alunos. Estaremos sempre à disposição para conversar com eles, algo que já estamos fazendo de forma online e, na semana que antecede a eleição, teremos momentos em que todos os diretores da Revoada estarão disponíveis nos prédios para tirar as dúvidas dos alunos e para explicar melhor os nossos projetos. Fora isso, o contato com o Diretório é essencial. Nós já temos reuniões marcadas com todos os centros acadêmicos. E, durante as duas sabatinas, conseguimos entender melhor a percepção dos alunos. É claro que a nossa percepção é importante, com o conhecimento que temos das questões internas do Grêmio, mas também é muito importante ver o que as pessoas que não acompanham isso no dia a dia sentem, algo que a gente tem feito e continuará fazendo durante todo o ano que vem.

Qual será o maior desafio da próxima gestão do Grêmio Politécnico?
Eu sinto que o nosso maior desafio vai ser realmente o contato com os alunos. Nós já temos planos definidos para solucionar a questão da comunicação, mas é muito importante estarmos sempre em contato com os alunos em todos os momentos para tudo o que a gente quiser definir. Isso é algo que a Revoada desde sempre teve. Neste ano, por exemplo, teve a movimentação pela falta de água no CRUSP, e nós sempre defendemos a realização de um plebiscito, para sabermos a opinião dos alunos e conseguirmos tomar a decisão que os represente melhor. Com base nisso, acredito que o nosso maior desafio vai ser garantir que os nossos alunos estão sendo representados, sempre mantendo o contato com eles para que a gente esteja sempre de acordo com que é do interesse da Poli.

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