Por Luiz Antônio Melo (Engenharia Elétrica, 2º ano)
Meu avô materno e o jornal O Politécnico possuem exatos três dias de diferença de idade.
Novembro de 1944 foi, de fato, um período agitado. A Segunda Guerra Mundial se encaminhava para o fim, assim como o Estado Novo de Vargas, enquanto os pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira) bravamente lutavam na Itália.
Nesse ínterim, dois eventos acontecem e, no meio disso tudo, passam quase despercebidos. No dia 10, é fundado o jornal O Politécnico, jornal da Escola Politécnica da USP, e, no dia 13, a mais de 2000 km de distância, nasce o meu avô, em Recife. Os fatos, por si só, são desconexos e só encontram sua ponte quando este que vos escreve entra na história, unindo Recife à Poli tal qual a FEB une o Brasil à Guerra Mundial.
Nesses 78 anos, muito aconteceu: o Brasil voltou a ser uma democracia e, 20 anos depois, virou novamente uma ditadura, que calou este querido jornal; o homem foi à Lua; a redemocratização veio; Collor caiu; o Plano Real deu certo e o Brasil chorou a morte de Ayrton Senna, sorriu com Chacrinha, viu a Seleção ser tetra e penta, viu o país crescer, decrescer e passar por uma pandemia que vitimou 700 mil pessoas. Meu avô se formou em Direito, também foi calado pela ditadura, casou, teve três filhos, empreendeu, deu várias voltas por cima, riu, chorou e se emocionou.
A história do macro e do micro se entrelaçam belamente ao passo que, nesse período, a única das constantes foi a existência mútua, mesmo que inconsciente.
Então, hoje, quero dar os meus parabéns aos 78 anos do meu querido jornal e do meu querido avô, que de muito foram testemunhas e que eu desejo que continuem a caminhar lado a lado por mais muitos acontecimentos.
Meu neto querido, nos idos de 1944, no mês de novembro foi criado na USP,esse jornal que ao longo de tantos anos, teve relevante papel do âmbito dessa gloriosa instituição de ensino universitário, dando ao nosso Brasil, maravilhos e competentes profissionais, nas mais diversas áreas das ciências e cultura. Nesta mesma época, seu modesto avô, veio ao mundo no seio de modesta família, que enfrentando as múltiplas dificuldades do pós guerra, soube trilhar os caminhos da honra e da constante busca, por valores éticos e morais. Seu velho avô, recebeu esse princípios, ditados por meus pais, estes sim, verdadeiros verdadeiros guerreiros, que com parcos recursos deram o melhor que podiam,transpondo mutiplas dificuldades, para a nossa formação. Meus caminhos, tiveram altos e baixos,não foram tão espinhosos, mas sinto-me realizado, não por bens materiais, mas bela bela família construída, onde você meu primeiro neto, me enche de orgulho. Que Deus o abençoe e seja sempre um farol iluminando seu feliz e radioso amanhã. Um carinhoso beijão, meu querido neto.