Por Samira Paulino dos Santos (Engenharia de Materiais, 4º ano)
Há momentos da vida que são marcantes, quase ritualísticos. Muitos de nós, e quase todos aqueles que leem esse texto, devem passar por eles. O primeiro dia na escola, os primeiros amigos, as primeiras despedidas.
Um rito de passagem que sempre será diferente para mim é aprender a andar de bicicleta. Diferente da maioria, aprendi tarde na vida — e de uma maneira como poucos fizeram. Foi em uma das ruas da Poli, entre a Civil e o prédio da Adm, numa tarde de sábado, vinte dias antes de eu completar 21 anos.
Muitos aprendem com os pais ou primos na rua perto de sua casa, com algum familiar que o segura pela garupa e o empurra ladeira abaixo. Alguém que confia que você será capaz de se equilibrar em duas rodas, mesmo que para o seu pequeno eu aquilo pareça tão assustador quanto pular de um penhasco em queda livre.
A parte mais importante do processo não é pedalar, ou manter o equilíbrio. A parte importante é quem lhe dá confiança o suficiente para confiar em si mesmo. Que estará lá no primeiro momento, mas que depois te soltará e vibrará com você. Ou irá te dar a mão quando cair da bicicleta.
Normalmente, é uma mão familiar. Para mim, foi uma mão amiga. Alguns estudantes de engenharia que, numa tarde quente de sábado, acharam que seria uma boa ideia ensinar alguém a andar de bicicleta. Que, mais do que a ideia, me deram o apoio necessário.
A Poli às vezes pode parecer um lugar frio e solitário. Mas é o lugar onde você, numa tarde quente, encontra pessoas para dar o apoio que você não sabe que precisa.
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