O Politécnico viu: Creep

Cena de Creep (Divulgação: Blumhouse Productions e Duplass Brothers Productions)

Aaron (Patrick Brice) é um cinegrafista convidado por Joseff (Mark Duplass) à sua cabana para gravar seus últimos 2 ou 3 meses de vida. Acometido por um  tumor cerebral, Joseff pretende deixar as filmagens como lembrança a seu filho que ainda não nasceu. Entretanto, desde o início as coisas parecem um tanto estranhas e, afinal, a realidade não ocorre como Aaron imaginava.

Dirigido por Patrick Brice e roteirizado apenas por ele e Mark Duplass, Creep (2014) é um filme de terror de menor orçamento que segue o estilo found footage em um ambiente limitado com um elenco ainda mais diminuto. A obra varia muito em suas críticas, indo de notas consideravelmente altas a notas absurdamente baixas.


Como não sou um grande fã de terror, já não esperava muita coisa, mas fui ludibriado por integrantes ardilosos do jornal que me convenceram que não haveriam jumpscares e que o filme era bom. Malditos! O filme não é nenhum crime contra a humanidade, mas passa muito longe de ser uma obra prima.

O terror creio que seja efetivo – ou eu que sou excessivamente sensível –, pois passei vários momentos me escondendo para não levar sustos. O filme caminha muito no limite do bizarro, entre o assustador e o vergonha alheia, o que pode atrapalhar um pouco na experiência, tornando risível algo tenebroso. Para mim, o fato que mais atrapalha o filme (além do próprio gênero, do qual não gosto) é a burrice dos protagonistas, a premissa toda já se baseia numa situação evitável e tudo aponta que algo dará errado. Até quando todas as cartas já estão na mesa, Aaron ainda parece não perceber a situação. Sua última burrice até é “explicada”, mas não o suficiente para que ela não nos afaste de torcer pelo cinegrafista.

Para quem gosta de terror e sabendo da duração de pouco mais de 1 hora, talvez valha a pena assistir e tirar sua própria experiência dessa obra. A mim não serviu.

Nota: 6,0
Bruno Pereira dos Santos,
Engenharia Civil, 2º ano.


Filmes de terror sempre fizeram sucesso. Seja por polêmicas em produção, lendas urbanas ou ainda a experiência de tomar sustos em grupo (nos famosos filmes de “terror de shopping”), o gênero e suas subcategorias dificilmente são encarados com neutralidade. Ou você ama a adrenalina, ou odeia o medo que provoca, ou tem raiva dos clichês. E como tem clichê no terror! E como criar um bom filme dentro disso? Criando um novo subgênero? Quebrando expectativas? Reinventando a roda? Ou que tal abraçar os clichês, brincando com o que seu espectador já viu e, a partir do previsível, batido, criar algo novo, imprevisível?

Creep começa em um ambiente suspeito, estranho, e engana-se quem acredita que irá mudar após os primeiros minutos. A esquisitice reina durante 90 minutos. Jumpscares também não são economizados. A inteligência do protagonista? Aproximadamente 0. O que torna Creep tão especial, então? Justamente sua simplicidade, seus clichês incorporados de forma que nem o espectador e nem Josef (Mark Duplass) levem a sério o filme a todo momento. Inclusive, ao longo da trama é possível perceber um humor sombrio (bem sombria), construída propositalmente pela dupla de atores vinda do gênero comédia e seus diálogos improvisados.

Conclui-se que Creep é um longa de “terror elevado”? Uma revolução no gênero? Nem um pouco. E isso o torna tão divertido: uma brincadeira no horror que faz o telespectador, dentro de sustinhos e momentos (muito) estranhos, questionar: o que estou assistindo? Quais as motivações de Josef? O quão verdadeira é sua história? Como Aaron ainda não saiu correndo dessa casa? Qual o próximo susto? Muito estranho, amo!

Nota: 8,5
Murilo Ferreira Noronha,
Engenharia de Produção, 3º ano.


Found footages, aqueles filmes da “câmera na mão”, são um subgênero de sucesso no cinema de terror. Popularizado pelo A Bruxa de Blair (1999), esse estilo ganhou alçou o estrelado com filmes como a franquia Atividade Paranormal (2007) e REC (2007), ambos de qualidade questionável. O grande trunfo dos found footages é indubitavelmente a subjetividade. Tudo o que o espectador sabe passa somente por uma lente, de modo a acentuar o suspense e o mistério. Isto é, não há agentes externos à tela contando os eventos — a realidade é manipulável. 

Alfred Hitchcock, um dos maiores mestres da sétima arte e gênio do suspense  e do horror, possui a sua famosa teoria da “bomba embaixo da mesa”. Suponha que dois personagens estão sentados conversando numa mesa e uma bomba-relógio está armada debaixo deles. Explodir a bomba de repente é um mero susto, efeito de curta duração e fútil. Mostrar a bomba enquanto os personagens conversam normalmente é a dilatação da espera, é o suspense, efeito duradouro e complexo. 

Pois bem, seria maravilhoso se Creep (2014) seguisse esta cartilha ou, até mesmo, a cartilha de seus antecessores supracitados. Pelo contrário, Creep deturpa todas as noções do que é fazer um bom cinema. É bem verdade que eu defendo a afronta às convenções, porém o que este filme faz é jogar qualquer coisa na tela a fim de retirar um fio de emoção do espectador. Creep é um caldeirão de ideias ruins e clichês. Não é como se possível argumentar que pelo menos a premissa é interessante, porque de fato não é. A solução para o enredo e para a direção é jogá-los fora e recomeçar. 

Barulhos são escutados na casa para gerar tensão, um protagonista não confiável com a atuação mais genérica, gritos e caras feias saltam subitamente na câmera, uma vítima com uma espécie de síndrome de Estocolmo, e por aí vai. Tudo isso você já viu e continuará vendo no cinema. A tensão nem sequer é criada, ou seja, a bomba hitchcockiana sequer é apresentada. O espectador desde o primeiro segundo já sabe o desfecho. Todavia, o inteligentíssimo roteiro demonstra guardar falsas surpresas, basicamente um estelionato narrativo. 

O questionamento que fica é: afinal, qual é o diferencial de Creep?  Nenhum. São setenta e sete minutos jogados fora. É como requentar uma pipoca no microondas, o sabor é murcho e sem graça. Fica aqui a minha contestação para as próximas investidas cinematográficas d’O Politécnico: precisamos de milho novo para pipocas novas!

Nota: 4,0
Henrique Gregory Gimenez,
Engenharia de Computação, 2º ano.


Fui com boas expectativas para minha primeira participação no OPV. O filme começou e a proposta do enredo parecia muito interessante, capturando bastante minha atenção logo de início. O que se seguiu foi uma crescente de estranhamento, suspense, alguns sustos (bobos) e um terror que se intensifica (e se torna mais tosco e clichê) na parte final do longa de menos de uma hora e meia (ainda bem). 

Depois do término do filme, todos nos entreolhamos, como quem pergunta: “é isso?!”. A decepção se tornou confusão, quando vimos que Creep era curiosamente bem avaliado. Pensei ter perdido algo ou não ter visto com o olhar certo. Confesso que até cogitei rever.

Agora, penso haver um grande problema com o roteiro que faz esse longa não merecer ser revisto (nem visto). A ideia do filme é muito boa e sua primeira metade mostra um potencial muito grande, com uma narrativa interessante. Após certo momento, porém, toda essa construção é jogada por água abaixo: os dois personagens, antes interessantes e inteligentes, ficam rasos e tolos; o clima curioso de suspense desaba em um terror bobo e quase cômico. 

Em resumo, o erro de Creep é desprezar e enganar sua audiência, não mostrando, de cara, ser um clichê tragicômico, nem sustentando a inteligência da primeira parte do roteiro. Assim, é feito um péssimo uso do interesse despertado, decepcionando muito e nos fazendo agradecer por ser curto. Des-recomendo. 

Nota: 3,5
Diego Roiphe de Castro e Melo,
Engenharia Civil, 1º ano.


Em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, os jovens bruxos são instruídos a superarem seus medos de forma criativa: O feitiço “Riddikulus”, faz com que seu pior medo vire motivo de gargalhada – o amedrontador se confunde com o risível. Na minha experiência, Creep manteve-se constantemente sob os efeitos do “Riddikulus”, na medida em que o horror foi escalando de forma gradual até ser intragável e acenar para o cômico, principalmente na segunda metade do filme.

Contudo, enquanto assistia ao filme, algo me fez não desistir dele, uma verdadeira luz no fim do túnel: o filme tinha apenas uma hora de duração.

Nota: 4,0
Samuel Mioto Visotto,
Engenharia Elétrica, 2º ano.


Creep (2014), dirigido por Patrick Brice, é um filme que, dentro do seu contexto de publicação, representou uma nova luz para o gênero horror no cinema, afogado pelos insatisfatórios resultados de remakes de slashers, como o Nightmare on Elm Street (2010), de Samuel Bayer, e Halloween (2007) e Halloween II (2009), de Rob Zombie. Inspirado no pioneirismo e notoriedade de Bruxa de Blair (1997) quanto ao estilo found footages, Creep conseguiu trazer, ainda que se prendendo a clichês no cinema terror — como jumpscares —, uma esperança para a experiência de suspense nas telonas. Tudo isso aliado a uma excelente execução de papéis, principalmente pelo ator Mark Duplass, interpretando Josef, um homem em estágio terminal que quer registrar momentos de sua vida para mostrar ao seu filho quando morrer, serviço que recorre a Aaron (Patrick Brice), um filmmaker falido. O desenrolar dos eventos, que a quem assiste é mostrado segundo apenas a videocâmara de Aaron, consegue fixar o telespectador, que busca entender se o filmógrafo é um completo desvirtuado de bom senso ou se o cliente misterioso ultrapassa os limites da malignidade (ou ainda, quem sabe, os dois?).

No entanto, com os seus 77 minutos, o filme demonstra não ter no seu roteiro — fraco e “esburacado” — o seu ponto de maior destaque, para o qual ficam reservados os méritos das excelentes atuações, do feliz uso da perspectiva de filmagem, e de salvar o gênero horror da decadência (agradecimentos pela consultoria em crítica de cinema por Lucas Tinoco).

 Ao final, como confirmada pela opinião dos meus corajosos críticos companheiros, foi até bom o filme durar menos de uma hora e meia… Não que não valha a pena assistir… vale a experiência, especialmente se tiveres o tino para degustador de experiências cinematográficas. Se for o caso, recomendo que busques assistir a algumas obras de David Lynch. Pura experiência.

Nota: 7,5
Arthur Henrique de Nóbrega Trovó,
Engenharia de Produção, 1º ano.

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