Entrevista com Laura Carmieletto, presidente da chapa Revoada

Revoada concorre ao Grêmio Politécnico em 2024. (Divulgação: Revoada)
Por Mateus de Pina Nascimento (Engenharia Mecatrônica, 3º ano)

O jornal O Politécnico retoma a já tradicional cobertura das eleições do Grêmio Politécnico da USP, com o objetivo fundamental de promover o debate público na Poli. Neste ano, o pleito ocorrerá entre os dias 30 e 31 de outubro e 1 de novembro, tendo como candidatas as chapas Revoada e Lauri Reyes. Sendo assim, Laura Carmieletto, candidata à presidência pela Revoada, concedeu esta entrevista, que contou com a anuência da Comissão Eleitoral. Leia a seguir e aproveite para ler também a entrevista com a Lauri Reyes!

O que o Grêmio significa na sua vida?
Não só na minha, mas na de muitas pessoas, o Grêmio é o motivo de eu ainda estar na Poli. A primeira coisa que eu fiz quando entrei aqui foi ser RC [representante de classe]. Sempre gostei de me engajar nesse tipo de coisa. Acredito que a Poli fica muito mais bonita se você participa de vários grupos e diversifica a sua experiência universitária.
Eu fui RC e, então, entrei na Revoada para ser diretora acadêmica durante o ano de 2023. Foi uma experiência muito legal e enriquecedora. Vendo o Grêmio de dentro, a minha admiração apenas cresceu. A grande chave de ser do Grêmio é trabalhar incansavelmente para representar os alunos e para trazer melhorias objetivas para as suas vidas, sem nunca medir esforços para ajudá-los – seja ao conseguir aumento de bolsas nos órgãos colegiados; ou, então, ao realizar um evento para que as pessoas consigam uma vaga de estágio; ou mesmo trazer discussões políticas da nossa sociedade para o ambiente da Poli, como fazemos na SemaPol (Semana de Politizados).
O Grêmio consegue ser muitas coisas ao mesmo tempo, mas, no final, o grande propósito dele é um só: ser o que faz as pessoas estarem na Poli.

Por que você se identifica com a chapa Revoada?
A coisa mais bonita da Revoada é o seu pilar de Compromisso, presente desde que nasceu. O fato de não medirmos esforços para ajudar os alunos, de novo, acredito que tem tudo a ver com o propósito do Grêmio em si.
E é muito importante o processo para tomar essas atitudes. A grande preocupação da Revoada é representar os estudantes, cuidar da permanência deles e ampliar seus horizontes sempre com muito compromisso e com muito diálogo.
Nesse sentido, acho que ser adaptável é fundamental. Entrar na pandemia, lidar com a pandemia e sair da pandemia foram coisas que a Revoada conseguiu fazer em conjunto com a Poli. Precisamos sempre estar dispostos a lidar com a Poli como ela está. Afinal, ela vem mudando cada vez mais, e é fundamental que a gente represente essa mudança, sempre com um comprometimento sem-fim.
Por isso que eu me identifico com a Revoada.

Qual sua motivação para ser presidente do Grêmio Politécnico?
Quando eu entrei na Poli, a diretora já não era mais a Liedi. Mas me contaram uma coisa que me impressionou: ela tinha sido a primeira diretora mulher da Poli. Também soube de um levantamento sobre muitas lideranças na Poli serem femininas – mais do que os 25-30% que a gente tem no corpo discente. Eu achei isso muito legal e é um legado que eu quero continuar.
Quero ser mais uma liderança feminina no Grêmio e poder zelar como presidente pela permanência, pela expansão dos horizontes, pela preocupação social e pela efetividade acadêmica. Quero fazer tudo isso num papel de liderança, como uma mulher LGBT, entendendo as demandas dessas minorias e ouvindo todas as pessoas que acompanham esses grupos, mas também sabendo da existência de outros grupos que estão aqui na Poli e que precisam ser ouvidos e englobados na atuação em órgãos colegiados, em eventos e projetos. Poder contemplar todos os alunos com suas particularidades é o que me faz querer ser presidente do Grêmio Politécnico.

Recentemente, houve uma grande comoção em toda a USP em relação à contratação de professores, o que acarretou em diversas atividades por todo o campus. Como a Revoada encarou a movimentação na Poli?
Como falei, a Revoada sempre prezou pela Representatividade e pela Comunicação. Desde o começo das movimentações, nós buscamos ouvir os alunos, conscientizá-los sobre a questão e ter um movimento expressivo. Por isso, sempre defendemos a realização de um plebiscito, para que fosse possível ouvir o máximo de pessoas e tomar a decisão que fosse mais justa e democrática.
Uma vez começada a greve, nós buscamos uma conscientização geral dos alunos. Afinal, a pauta é importantíssima. A falta de professores é uma coisa que afeta não só a USP como um todo, como a própria Poli diretamente. Eu estive na CCB [Comissão de Ciclo Básico] neste ano e pude notar isso de perto.
Buscamos trazer informações de diversas perspectivas sobre a pauta, para que os alunos pudessem conhecer o tema a fundo e tomar sua decisão de maneira consciente. Apenas dando um exemplo, conversamos com o professor Mariani, de Mecânica dos Fluidos, uma matéria que estava comprometida pela falta de professores, e escrevemos um texto neste mesmo jornal para que os alunos pudessem entender melhor o que estava acontecendo.
A chave é essa: a participação dos alunos. Isso passa pela conscientização e por levar as demandas deles constantemente. Por exemplo, garantindo que não haja nenhum tipo de prejuízo acadêmico, como estivemos fazendo após a alteração da semana de provas.
Foi assim que encaramos essa greve: pensando nos alunos e em fazer um movimento conjunto e representativo. A Poli é muito heterogênea, mas é importante ter corpo consciente e, claro, que os alunos não sejam prejudicados e sejam, principalmente, representados sempre pelo Grêmio.

De que forma vocês acreditam que deve ser a participação dos alunos em decisões como essa?
A Revoada acredita no poder do plebiscito pela representatividade e expressividade que ele é capaz de trazer, por fatores que só ele pode contemplar. Uma consulta que dura dois, três dias gera uma discussão durante todo o tempo em que ela está acontecendo. Com isso, é possível não só que haja uma conscientização maior, mas também que pessoas que não possam estar em uma assembleia, em um momento específico, tenham sua voz ouvida.
Repito: a Poli é muito heterogênea. Tem pessoas que trabalham, que moram longe… Uma consulta geral aos alunos é o ideal para tomar decisões dessa magnitude.

Qual você imagina que será o maior desafio da gestão do Grêmio em 2024?
O grande desafio é a comunicação. Não só nessa parte de conscientização, mas em vários outros âmbitos. Cada entidade da Poli trabalha à sua maneira para torná-la um pouco melhor para seus alunos e alunas. Nesse sentido, o Grêmio tem seus projetos individuais, mas também em conjunto, que são fundamentais. A comunicação entre as entidades pode melhorar e é muito benéfica.
Além disso, a comunicação com os próprios estudantes. Em termos digitais, pretendemos expandi-la para outras redes e também melhorar o que já fazemos atualmente para garantir que as informações cheguem até os alunos. Mas não podemos deixar de lado a comunicação presencial. Seja nas televisões d’O Triedro, no próprio jornal ou então por meio do boletim informativo. Aliás, nós temos uma proposta muito legal para ele: além de ser impresso, pretendemos torná-lo aberto a eventos de outras entidades. Com isso, podemos melhorar a divulgação dos eventos que acontecem ao longo do ano. Não posso deixar de citar o Se Liga, um projeto de comunicação voltado para as bolsas de permanência, que são fundamentais na Poli. A comunicação também é fundamental para promover um espaço de discussão. Por exemplo, o Dia de Discussão do Ciclo Básico, um projeto que eu ajudei a organizar neste ano, que a gente quer continuar pelo ano que vem. De lá, surgem muitas ideias proveitosas para o âmbito acadêmico. Até coisas que podem ir para a CG [Comissão de Graduação] e ajudar na reformulação da nossa estrutura curricular nascem nesse dia.
Isso tudo é um grande desafio, mas é uma coisa pela qual a gente vai zelar no ano que vem.

Como você vê a Poli daqui a cinco anos?
A Poli tem mudado expressivamente. Eu vejo ela continuando a mudar e a se reinventar. E é importante que não só o Grêmio como todas as entidades trabalhem em conjunto para acompanhar essa mudança e representar os alunos. Como eu falei, essa adaptabilidade é uma das coisas com que eu me identifico com a Revoada.
Então, eu vejo uma Poli que muda e muda para melhor. E a Revoada vai acompanhar essa mudança no ano que vem, para ser ainda mais acolhedora, promovendo um espaço mais diverso e que represente cada particularidade dos alunos.
Vejo uma Poli que não só forma engenheiros líderes, com uma educação de qualidade, mas tem uma atenção especial à permanência e a aspectos sociais além dos acadêmicos. Tudo isso tem mudado na Poli. E espero que mude mais e mude para melhor.

Qual o projeto da Revoada para o jornal no ano que vem?
Eu amo o jornal! Ele foi o projeto aberto que me acolheu. Além de eu ser RC, o que me aproximou do Grêmio foram as reuniões do jornal, toda quarta-feira. O jornal é mais do que os textos. Ele também é o convívio. São as pessoas que você conhece.
No ano que vem, além de continuar com essas reuniões acolhedoras, queremos deixá-las mais abertas ainda, para que todo mundo sinta vontade de aparecer no espaço do Grêmio e colaborar com a redação de um projeto tão legal e tão importante, que vai completar 80 anos.
E queremos comemorar esse aniversário, fazendo retrospectivas e celebrando a história do jornal, que é também a história da Poli. Nós já temos várias edições catalogadas e digitalizadas no Grêmio, e no ano que vem vamos intensificar isso e divulgar ainda mais, aumentando o acesso a esse pedaço da nossa história, com o nosso projeto do acervo.
É fundamental que essa história nunca seja apagada, mas relembrada diariamente para que a gente consiga construir junto uma Poli cada vez melhor e, assim, escrever também o nosso nome num pedaço dessa história.

Aproveite para ler também a entrevista com a Lauri Reyes!

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