Parabéns pra você!

Logo de 90 anos da USP e Praça do Relógio ao fundo (Reprodução: Jornal da USP)
Por Diego Roiphe (Engenharia Civil, 2º ano)

Faça um experimento: vá na fila do Bandejão Central da USP e saia perguntando a todos na fila, em sequência, “O que você acha da USP?” Certamente as respostas serão das mais diversas. Uns não vão entender a pergunta, outros não vão conseguir elaborar uma resposta. Os que estão mais perto da entrada do RU certamente renderão mais elogios que aqueles lá longe, no fim da fila. Mas, num geral, alguns dirão que amam, outros vão dizer que odeiam e aqueles mais ponderados afirmarão que amam e odeiam.

Creio que não há melhor par de sentimentos para se ter na ocasião deste aniversário de 90 anos da USP do que esse. Me explico: é fácil resumir o sentimento por algo em um extremo negativo ou em um extremo positivo; é muito mais simples de lidar com essa sensação, de consumi-la, explicá-la. Essa redução, porém, é errônea na medida em que se exclui a complexidade das coisas, a multiplicidade de facetas, a ambiguidade. E nada mais humano e real que a ambiguidade. Assim, se por um lado não podemos ver a USP como uma velhinha fofa, cuja alta idade acaba por fazer sumir aos nossos olhos todos os seus vícios, erros passados e concepções ultrapassadas, por outro lado é igualmente impossível considerá-la uma criminosa convicta, a ser posta atrás das grades.

Ponderação é a palavra para nós, estudantes da Universidade de São Paulo, neste advento de 90 anos desta instituição. Que é boa E é, ainda, ruim. 

Este aniversário é uma excelente ocasião e oportunidade para, justamente, olharmos para trás e revisitarmos a história da USP, olharmos ao nosso redor e visualizarmos quem está presente dentro desta universidade e olharmos para frente, vislumbrando a possibilidade de um futuro mais inclusivo e representativo, menos anacrônico, mais acolhedor, mais eficiente e que trabalhe a favor dos alunos, com mais incentivos à permanência e às pesquisas, com a contratação de um quadro docente mais diverso… e tudo mais que pudermos desejar.

É necessário lembrar, não custa, que a USP, como qualquer outra instituição pública de ensino, não é nada sem os brilhantes estudantes que vêm cotidianamente para os campi e que tomam suas próprias iniciativas para melhorar o espaço onde estão; também não é nada sem os persistentes docentes e pesquisadores que se empenham sem medir esforços no trabalho pela construção do conhecimento e pela real formação universitária; e também não é nada sem todos os outros funcionários que aqui trabalham, muitas vezes sem o mínimo reconhecimento, mas que possibilitam o acontecimento e a concretização da Universidade.

A USP é uma universidade de pessoas, de gente, de humanos e humanas. Que ela trabalhe a favor de toda essa humanidade que fervilha em suas entranhas e que foi a responsável por auxiliá-la em seus velhos passos até seus 90.

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