Por Agatha Marcílio (Engenharia Química, 1º ano).
No primeiro dia do mês ela me pergunta, novamente, sobre a necessidade de se ouvir os diferentes ecos que ressoam entre as paredes de sua cabeça. Alguns caminham ali durante semanas, outros não passam de um segundo e dependem da memória para continuar seu trajeto. No fundo questiona a si mesma. Sou apenas testemunha de sua preocupação enquanto me convenço da ausência de uma resposta tão trágica quanto a dúvida. Digo que não há. Aos poucos os ecos desbotam sozinhos ou fogem pelas janelas dos cômodos, certo? Eu sei que não, ela também. Mesmo assim, agradece minha disposição e desliga sabendo que no próximo mês minha resposta será a mesma – pela conveniência de se evitar lidar com aquilo que demanda um tempo maior que a distância entre o Brás e a Luz, mas continuará me ligando na esperança de um dia primeiro qualquer a minha covardia não se justificar pela falta de tempo ou cansaço em ouvir minha própria voz no telefone preocupada em ser ouvida ao ecoar.
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