Por Luiz Antônio Melo (Engenharia Ambiental, 4º ano)
A eleição municipal de 2024 para a prefeitura de São Paulo, independente do resultado, dos
percentuais e de eventuais novas costuras políticas, vai ser para sempre lembrada como um
novo ponto de máximo no que tange à agressividade nas – e das – campanhas eleitorais.
Especialmente com seus adversários de urna, mas, inevitavelmente, com uma sociedade que
parece, cada vez mais, vibrar nesta mesma sintonia, vemos um cenário de real violência
política se amplificar. Para mim, tenho uma simples pergunta no ar: e agora? Qual o próximo
passo dessa escalada?
Desde o advento das redes sociais, por volta dos anos 2010, a agressividade política e a
verdadeira hostilidade entre candidatos e apoiadores de diferentes correntes cresceu de forma
exponencial, virando até brincadeira como nos pleitos anteriores os parâmetros de “violência”
eram profundamente distintos. Na minha visão, o exemplo mais claro dessa mudança grave
que ocorreu é se compararmos o debate presidencial entre Lula e Alckmin, no segundo turno
de 2006, com qualquer um que assistirmos hoje. A diferença, de cortesia entre candidatos, de
apresentação de propostas e do próprio tom de respeito mútuo em meio às naturais – e
esperadas – discordâncias, é absurda.
Naturalmente que, apesar das redes sociais serem um dos motores desse movimento, que não
acontece só no Brasil, mas, virtualmente e em sua devida escala, em todas as democracias de
facto ao redor do mundo, elas não são as únicas culpadas. O Brasil, e todo o mundo,
atravessam anos mais marcados por conflitos do que por tudo. Em casa, tivemos as jornadas
de junho, a queda de uma presidente, uma grande recessão, greve dos caminhoneiros e por aí
vai. Lá fora, temos duas enormes guerras regionais, tensões militares em mais um par de
regiões, além de uma economia global cujo centro de gravidade está em mudança e em pleno
movimento. Muitas questões e poucas respostas para o futuro. E, quando inseguro, o ser
humano tende a retomar aos seus instintos mais primitivos para assegurar sua sobrevivência,
e, nisso, o debate público perde demais e, junto com ele, toda a sociedade.
Este texto, de um modo ou outro, é resultado de uma insatisfação com debates muito difíceis
de serem assistidos, por terem mais cadeiradas e direitos de resposta a ofensas pessoais do
que verdadeiramente propostas, ideias e reflexões sobre esta metrópole de 12 milhões de
pessoas (e não só ela) e suas inúmeras contradições. A política pressupõe o confronto, mas
não apenas ele, se não não é mais política: é agressão. E isso é impossível de ser tolerado,
por todos nós.
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