O “Ep. 3 – Forte contra a Repressão”, penúltimo da podpeça Causos da Cadopô, do Grupo de Teatro da Poli (GTP), apesar de se passar imediatamente após Ep. 2, soa como uma obra própria e nova. Com o tema principal sendo a ditadura militar e as ações dos cadopolitanos durante esses anos mefíticos, a conversa do episódio é marcada por contrapontos e um embate ideológico. Enquanto Seu Janô, nosso herói da série, defende a Casa e, principalmente, sua história e relação com a resistência à ditadura, Ângela apresenta comentários que hoje você ouviria da boca daquele tio caducando.
Os causos apresentados são bem variados, seja em personagens, estilo ou importância histórica. Em um, o irmão de um cadopolitano busca abrigo com o irmão após ter sido despejado do CRUSP e, durante a inspeção e interrogatório feito pelos militares, é questionado sobre um livro que trata de “bombas hidráulicas”, se não seria de “teor terrorista” — tragicômico. A principal história contada é sobre o Congresso da UNE em Ibiúna, em que os moradores estavam preparados para abrigar os congressistas e, ainda, criaram maneiras de prevenir a invasão dos militares. O clímax se dá na cena na qual os moradores que estavam de vigia notam a movimentação dos carros da polícia, informam os outros e a informação corre até Ibiúna, onde é ignorada e resulta, mais tarde, na prisão de muitos estudantes.
Quanto aos aspectos técnicos, o GTP não deixa a desejar e parece melhorar a cada episódio. A cada causo, parece que trazem algo que me surpreende mais; nesse episódio, quero citar as vozes abafadas das cenas em que alguém fala por trás da porta. Temos, novamente, o gancho para um próximo episódio, mas notar que já passamos do 5º andar e não há muitos acima — ou seja, que nos aproximamos do fim — me faz não querer ouvir o próximo tão cedo.
Arthur Belvel,
Engenharia Mecânica, 2º Ano.
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