Chegamos, enfim, à segunda edição de 2022 d’O Politécnico!
Neste primeiro semestre, os esforços do jornal foram todos voltados ao retorno presencial, à transição do modelo digital ao híbrido, enquanto nós mesmos, membros da equipe editorial, tentávamos nos adaptar aos novos desafios que o começo de ano nos proporcionou.
Talvez o principal estranhamento do leitor desavisado seja a disparidade de tom em relação à impressão entregue em março. Não diria pessimista, tampouco realista… Seria “crua” a palavra correta?
Após um início alegre, receptivo, sonhador e encatado — passando por uma edição (supostamente) cômica, comemorativa do dia da mentira —, o jornal retoma as suas impressões mais calejado, com textos mais sóbrios e comedidos.
Essa mudança, embora involuntária, de forma alguma surpreende, tratando-se apenas de um reflexo da realidade na qual todos nós, politécnicos, estamos inseridos.
Seja pelos traumas causados pelas semanas de provas, seja pela constante exaustão individual e, inevitavelmente, coletiva, fato é que boa parte dos textos aqui contidos transmitem essa sensação de cansaço, talvez inimaginável em outros tempos, tempos em que idealizávamos como seria, enfim, viver este sonho…
Afinal, você tem medo?
Porque eu tenho. Vários. Tenho medo de não ser o cavaleiro que queria ser quando menino. Tenho medo de me sentir para sempre longe de casa. Tenho medo de ler as notícias no jornal…
Seria, então, possível passarmos por esse turbilhão intactos? Ou, então, desejável?
Deve haver, sim, espaço para dúvidas, inseguranças e frustrações. É preciso abandonar a utópica pose de super-politécnico e aceitar que o fracasso inevitavelmente faz parte do dia a dia da “Escola dos Homens Tristes”.
Note que essa, de forma alguma, é uma desistência, uma forma d’O Politécnico jogar a toalha. Muito pelo contrário! Apesar do aparente amargor, o jornal há tempos não esteve tão vivo.
E talvez o principal mérito d’O Politécnico nesta primeira metade de 2022 não tenha sido suas publicações, a retomada das Cafezadas ou seu alcance nas redes sociais, mas sua própria equipe, que, tanto em quantidade quanto em qualidade vem cumprindo de maneira exemplar a função principal do projeto: ser um espaço de discussão e de criação aberto, acolhedor e receptivo.
Visceralmente imersos à realidade politécnica, não nos restou alternativa senão abraçá-la novamente, não mais com a ingênua alegria de outrora, mas com a compreensão do momento em que estamos inseridos.
A exploração dos nossos próprios labirintos internos é vital para que sejamos capazes de passar por momentos nebulosos, como esse.
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