A refundação do Cursinho Popular da Poli

Para compreender melhor a refundação em 2006 do atual Cursinho Popular da Poli, fundamental serviço de educação popular criado na Poli, é importante entender o que ocorreu no ano anterior (2005) com o então Cursinho da Poli.

O texto a seguir foi retirado da edição nº 106, publicada em 2005, sem autor e trata do Cursinho da Poli, que em nada tem relação com o atual Cursinho Popular da Poli.

O movimento contra a apropriação privada do projeto Cursinho da Poli (CP) ganhou força nos últimos meses, em função da explicitação das manobras jurídicas por parte da atual direção do CP a fim de mercantilizá-lo. Contra isso, muitos têm somado forças com o Grêmio Politécnico da USP nesta luta contra a usurpação do patrimônio público, da credibilidade social e o desvirtuamento do projeto social: professores, alunos, ex-alunos, intelectuais, acadêmicos, parlamentares, centros acadêmicos, movimentos sociais, Associação de Professores da USP, Associação de Professores da PUC-SP, DCE-USP, entre outros.
Não é de hoje que o mal estar provocado por esta lógica mercantil tornou-se ponto central nas discussões dentro e fora do CP. Diferente do projeto original, criado em 1987, por iniciativa dos alunos do Grêmio Politécnico, a direção do CP busca de todo jeito converte-lo em empresa. Esse desvirtuamento ameaça pôr fim ao histórico exitoso desse curso pré-universitário, que possibilitou condições reais de ingresso de alunos oriundos sobretudo da rede pública de ensino nas universidades públicas do país. E se tornou uma referência que inspirou o surgimento de outros cursinhos populares. Mas nestes últimos anos tudo corre sério risco de acabar.
A apropriação privada Cursinho da Poli, vem se dando através da captura da credibilidade social do nome, símbolos e da associação ao prestígio da USP, sem, contudo, destinar ao Grêmio Politécnico seu devido papel, deixando-o numa situação marginalizada e decorativa. Como departamento não-autônomo da entidade deveria estar sob controle do Grêmio. Mas um grupo político constituído ao longo dos anos 1990 dentro da entidade, busca se perpetuar no comando do CP, recorrendo a expedientes nada democráticos.
Ao que tudo indica, o que a atual direção do Cursinho da Poli parece buscar nessa figura jurídica, Fundação PoliEducar, nada mais é do que um instrumento facilitador de captação de recursos junto às diversas instâncias do poder público, que lhe permita o pleiteio de isenção de impostos e possibilite a atuação no ensino médio e superior privado, desvirtuando-se sobremaneira de seus objetivos originais. Qual a garantia que uma fundação concebida e criada na calada da noite pode oferecer ao CP enquanto projeto social?
Por isso o movimento contra a apropriação privada do CP, luta pela democratização do projeto. Para isso é necessário:
•a reafirmação do Grêmio Politécnico como mantenedor do CP;
• contra a transformação do projeto em curral eleitoral;
• contra a usurpação da credibilidade social e apropriação do patrimônio público;
• elaboração de um novo estatuto democraticamente debatido e aprovado por todos os envolvidos no CP, coordenado pelo Grêmio;
• pelo direito de organização dos estudantes no interior do CP, e o reconhecimento imediato da AACP como sua legítima representante;
• retomada do seu caráter pré-universitário, comprometido com a justiça social, e a defesa da educação pública em todos os níveis de ensino.
Em suma, esses princípios que também constam na carta elaborada e assinada por 29 professores do CP em novembro de 2004, precisam ser debatido e defendido por todos os que acreditam na justiça social e lutam contra a privação social de nossa juventude.

Em 2006, os estudantes se reúnem novamente a fim de refundar o Cursinho da Poli e retomar os valores iniciais do projeto: oferecer uma educação popular e de qualidade com o intuito de democratizar o acesso ao ensino superior. Desde então, até os dias de hoje, o Cursinho Popular da Poli USP e a equipe que o gere mantém-se com essa missão.

Atualmente, possuímos instrumentos jurídicos em constante manutenção para que a privatização e fuga dos valores fundamentais do Cursinho nunca mais aconteçam. Possuímos uma equipe com aproximadamente 150 pessoas, dentre elas: plantonistas, professores, membros do corpo administrativo, coordenadores e diretores! Nossa gestão baseia-se em três principais áreas: educacional, administrativa e comunicação. Todos engajados no caráter social do projeto.

No ano de 2023, atendemos mais de 300 alunos com turmas presenciais na Escola Politécnica e onlines, anuais ou semestrais e em diversas modalidades – Extensivo, Ciclo Básico e Semiextensivo – preparando-os para os vestibulares das principais universidades do país. Além disso, contamos com o apoio do Etapa há mais de 10 anos, que nos fornece materiais didáticos de forma gratuita.

Para garantir que todos nossos alunos façam a FUVEST, realizamos uma campanha para arrecadar fundos e pagar a taxa de inscrição do vestibular dos nossos alunos que não foram contemplados pela isenção. Felizmente, conseguimos auxiliar todos esses alunos a dar prosseguimento ao sonho de ingressar na universidade pública.

Por administração 2023 do Cursinho Popular  da Poli

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