Boas-vindas às mulheres na Poli

Liedi Bernucci, primeira diretora mulher da Poli (Reprodução: Folha de São Paulo)


Por Laura Carmieletto (Engenharia Química, 3º ano)

Sejam bem-vindas, ingressantes de 2024! Bem-vindas à Poli, aos seus respectivos cursos, e bem-vindas a esta coluna, A Politécnica! Há tempos publiquei um texto muito mais político por ela, mas, assim como seu objeto de estudo, a coluna abriga vasta multiplicidade. Aqui fujo do tom informativo e um tanto inflamado, viso apenas recepcionar as 200 ou 300 novas politécnicas que nos leem.

A presença feminina na Poli não é tão recente em termos qualitativos, mas mesmo em 2024 ainda estamos longe de compor a metade dos alunos da Escola. Mesmo em desvantagem numérica, colaboramos em projetos basilares como o do Patinho Feio, um computador desenvolvido por aqui, e que comemorou seus 50 anos em 2022. Ele está em exposição no prédio da Administração, recomendo a visita! Não longe dele há também uma parcela de história mais corrente; no rol de quadros que retratam todos os diretores da história da Poli, o penúltimo é o único, por ora, representando uma mulher.

A primeira diretora da Escola foi Liedi Bernucci, que exerceu o cargo até 2022 e hoje encabeça o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Durante a sua gestão foram observados diversos avanços da comunidade feminina; não conquistamos maior expressividade na fração do corpo discente, mas observava-se facilmente o destaque que muitas das mulheres haviam alcançado entre feitos acadêmicos e posições de liderança em grupos de extensão e centros acadêmicos.

Um olhar particular ao caro Grêmio Politécnico também inspira forte otimismo: apesar de ser a 6ª presidente da entidade, sou a 4ª em seis anos, dado notável. Antes do século XXI não havia nenhuma. A única outra entidade de 120 anos do movimento estudantil, o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, também será presidido por uma mulher durante o ano de 2024.

Estamos num momento em que há, pelo menos, algumas professoras lecionando na Escola – com a eterna ressalva de que a taxa do avanço feminino é ainda mais lenta neste departamento, por depender de concursos e de múltiplas etapas de formação acadêmica anterior. Ainda assim, no que tange à minha experiência puramente individual, eu tive a singular oportunidade de ter aulas com mais de uma professora, e poder me aproximar de uma delas por afinidade nas áreas de interesse acadêmico.

Há progresso a se fazer tanto vertical quanto horizontalmente. Para este fim, fomentando o interesse feminino na Poli, existem recepções como o Meninas na Poli (aproveito para convidar os leitores ao voluntariado no dia do evento); para aquele, talvez o mais carente, é necessária colaboração coletiva e atuação individual – de que outra maneira Liedi teria chegado à diretoria? Ainda vejo, nas comissões em que atuo como representante discente, que sou a única mulher que as integra como membro regular, mas aos poucos isso se altera: foram eleitas no começo de fevereiro duas presidentes (para as comissões de Inclusão e Pertencimento e de Cultura e Extensão) e duas vice-presidentes (também para Cultura e Extensão, além de Pesquisa). Naquilo que depende do indivíduo confio em vocês, a nova geração de politécnicas, e nas suas competências. No que depender de mim, e certamente diversas outras, mentoras não faltarão.

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