A História pelas mãos dos Estudantes

Foto: Thiago Gonçalves Coronado Antunes

Montando os 80 anos do Jornal O Politécnico

 

Diego Roiphe de Castro e Melo

Engenharia Civil, 3º ano

“Assim como o Jornal, esta exposição é o resultado de um trabalho humano.” Com esta frase, encerro um dos textos presentes na exposição de 80 anos do Jornal O Politécnico que, agora na Sala BNDES da Biblioteca Brasiliana, tenta fazer jus a toda a história que centenas de mãos construíram por meio deste que é um dos periódicos estudantis mais antigos ainda em atividade no Brasil. É uma alegria ver o resultado deste trabalho, a exposição de pé, o acervo vivo; mas a ideia de fazer algo do tipo surgiu muito antes.

Comecei a participar d’O Politécnico ainda em meu ano de bixo, 2023, escrevendo textos e me engajando, enquanto um aspirante a engenheiro que, por vezes, gostava mais de letras e palavras do que de números e equações. No fim desse mesmo ano, fui convidado pelo então editor-chefe a ser seu sucessor, o que implicaria em concorrer a uma eleição para o tal Grêmio Politécnico. A verdade é que a resposta não foi imediata, mas o aceite veio e pude iniciar 2024 na gestão deste jornal, ao lado do Pedro Lanza, o “Hoff”, com a plataforma de fazermos alguma comemoração dos 80 anos d’O Politécnico, completos dia 10 de novembro do ano passado. Trabalhamos muito bem juntos, ele fazendo a diagramação das edições, eu organizando e coordenando a equipe de redação – depois de alguns anos, finalmente foram 4 edições físicas publicadas.

No entanto, meu interesse pelo Jornal, por sua história, cresceu muito, também à medida em que estudava o acervo do Grêmio e da Biblioteca Central da Poli. A verdade é que, mesmo depois de uma rápida leitura, é muito difícil não se encantar com as edições passadas e a história escrita pelas mesmas mãos com que era feita. Momentos como O Petróleo é Nosso, O Brasil não Exportará seu Futuro, a resistência à Ditadura Militar no Brasil, a redemocratização e a constituinte que levou à Constituição de 1988, a denúncia e movimentação contra o governo Collor, etc etc etc.

Foto: Thiago Gonçalves Coronado Antunes

Meu engajamento no estudo e na leitura desse acervo vem desde o início do ano passado, a princípio por puro interesse e curiosidade, ora ao lado do Hoff, ora ao lado do Trovó (diretor administrativo do Grêmio), ou do Tutu (atual vice-presidente). Em abril de 2024, após um evento na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita (BIBLA) do Memorial da América Latina, me brilhou à mente a possibilidade de, enquanto O Politécnico, também fazermos algo naquele espaço, tão subutilizado e tão simbólico. A ideia era simples: fazer uma exposição de algumas edições do acervo e realizar um evento de abertura para falar sobre o Jornalismo Estudantil. 

Tudo fluiu razoavelmente bem, com o espaço cedido, o apoio e as presenças para o evento. Montamos, por nós mesmos, uma exposição de pequeno porte, com alguns textos e imagens de apoio, e, dia 18 de setembro, realizamos a abertura. Contamos com a presença de muitas gerações do Jornal, além de nomes como Nabil Bonduki, Carlos Zarattini, Eduardo Giannetti, entre outros. Foi corrida, toda a produção e realização, mas deu tudo certo. O material ficou lá exposto até dia 30 do mesmo mês, com poucas visitas. 

Foi satisfatório e recompensador, mas ficava o desejo de que mais pessoas vissem e conhecessem toda esta história, estes 80 anos; a vontade de trazer essa exposição para dentro da USP. Poucos dias depois, ainda em outubro, protocolei à secretaria da Brasiliana um pedido encarecido pela cessão de algum espaço no complexo para a realização da exposição. O pedido foi gentilmente acatado, mas a data era distante: entre abril e maio de 2025. O espaço, a Sala BNDES, era amplo, mas requereria apoio, por não ter praticamente nenhuma estrutura própria para exposições. Ficou a vontade de fazer dar certo e, iniciado este ano, foi uma das coisas com as quais me comprometi. 

Foto: Thiago Gonçalves Coronado Antunes

E assim foi feito. Com patrocinadores entrando de última hora para fazer a exposição financeiramente viável; o problema não era mais a produção e seleção do material, já que boa parte se reaproveitou de 2024. Com a expansão do espaço e a contratação de pessoal especializado foi, ainda, possível incrementar a seleção de edições e também alguns textos de apoio. Assim, num turbilhão de sorte e trabalho, inauguramos a exposição na Brasiliana no último dia 16. 

A verdade é que é transformador e impactante ler e ver história sendo relatada, pensada e feita pelos estudantes, com matérias, imagens e histórias incríveis e surpreendentes; ver o quanto o movimento e o jornalismo estudantis já alcançaram e ainda podem alcançar. É, inclusive, um grande desafio escolher um número limitado de edições que condense o espírito d’O Politécnico e suas diferentes faces e fases. A vontade era ter todo o imenso acervo exposto, para uma análise longa e minuciosa, ao lado daqueles que estiveram presentes nas suas épocas, contando os respectivos bastidores…

O Politécnico, o jornalismo e o movimento estudantil ainda têm um lugar de vanguarda a ser reivindicado nos rumos de nossa nação!”

Visite essa exposição! Conheça essas histórias! Só até dia 16 de maio, na Sala BNDES da Brasiliana, que abre entre 9h e 18h nos dias úteis.





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