Nossa saída é a mobilização permanente nas ruas
As dificuldades “Sobre quantidades” abalam até os estudantes da Escola Politécnica diante da grandeza que o número 81 adquire ao se tratar de emails ignorados para a compra de vacina. As 500 mil mortes, falta de vacina, tentativa de mudança na bula da cloroquina, aconselhamento paralelo na saúde e não intervenção no colapso de Manaus e todas as revelações que a CPI da COVID vem fazendo geram uma indignação que não pode se manter em si mesma. 400 mil mortes eram evitáveis, segundo o reitor da UFPel Pedro Curi Hallal atacado por Bolsonaro. A indignação por matarem milhares de nós diariamente precisa se expressar e as ruas é onde ela toma forma.
A Chacina do Jacarezinho e os cortes na educação foram o estopim para a retomada das ruas como instrumento de luta política. A partir disso, 29 de Maio foi consolidado como o primeiro grande dia de lutas pelo Fora Bolsonaro. Mais de 200 cidades por todo o Brasil tiveram atos e, em especial, em São Paulo ao menos sete quarteirões da Avenida Paulista foram ocupados. O 19 de Junho, por sua vez, deu continuidade e consolidou a força dos atos contra o presidente, mais interiorizado, dessa vez com participação de mais de 400 cidades pelo Brasil e na Paulista 9 quarteirões foram ocupados.
Mas se tudo fosse exatamente igual e homogêneo, então a política não seria dinâmica e não teria tanta complexidade em suas disputas. O primeiro elemento a se notar é que as pesquisas de opinião apontam Bolsonaro com o recorde de rejeição desdo início do governo. Isso se reflete nas pesquisas eleitorais e, portanto, na aposta do PT de vencer as eleições e não no Impeachment. Não à toa Lula e o PT não convocaram e não estiveram presentes em peso nos atos do 29M,
Mas dada a força demonstrada, o movimento também arrastou as organizações petistas a aderir ao 19J, mesmo que parcialmente, sem puxar um “Fora Bolsonaro” e ainda marcando a próxima manifestação apenas para daqui a um mês, no dia 24 de Julho. Mesmo a mídia deu mais visibilidade ao 19J, com direito inclusive a matéria no Jornal Nacional, revelando que a elite brasileira tem suas divisões. Enquanto parte dos empresários ovacionam o genocida num jantar, muito contentes com seu governo de lucro recorde de bancos mesmo durante uma crise sanitária, outro setor já não está mais disposto a apoiar Bolsonaro na presidência e prefeririam um “Bolsonaro sem bolsonarismo”.
Mas o que leva milhares de pessoas às ruas é a necessidade imediata de tirar Bolsonaro do poder. Não há tempo que esperar, a cada dia milhares de pessoas estão morrendo por uma doença para qual já existe vacina. Mesmo que as eleições tirem Bolsonaro da presidência, os anseios fascistas e golpistas do bolsonarismo continuarão e só serão derrotados pela mobilização permanente do povo. O momento é agora enquanto Bolsonaro segue em crise com a queda do Salles e com a revelação na CPI do esquema de corrupção escandaloso do Governo na compra da Covaxin. Hoje já acontecem manifestações espontâneas e os setores mais vacilantes da esquerda se viram forçados a adiantar os atos. Temos que construir uma grande manifestação no dia 3 de Julho e seguir com um calendário de lutas: todos os sábados e no dia 13 de Julho em conjunto com a Greve dos Correios contra a privatização. Nosso papel enquanto juventude e estudantes é impor uma derrota ao Bolsonaro, assim como fizemos no Tsunami da Educação.
Victor Luccas,
Engenharia Elétrica, 2º ano.
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