Ao longo da história, o ser humano enfrentou diversas pandemias, como a Peste Bubônica, Varíola, Gripe Espanhola, Gripe Suína (H1N1); entretanto, o poder de disseminação da COVID-19 tem se mostrado avassalador (um caso interessante), o que exige dos países medidas rápidas e eficientes para impedir que diversas mortes ocorram. Nesse contexto, qual a importância das universidades públicas brasileiras? Como a Universidade de São Paulo (USP) tem contribuído para o combate ao coronavírus?
A USP é majoritariamente financiada por dinheiro público e, por isso, possui o compromisso de retornar à população esse capital investido. Nesse sentido, o projeto Inspire da Poli é um exemplo de como os professores – com o auxílio do grupo ARGO – se uniram para atender uma demanda que ainda havia surgido no Brasil, mas já estava latente em outros países: a necessidade de ventiladores pulmonares. Seguindo nessa mesma linha, outros trabalhos da Poli também têm como meta atingir a questão dos respiradores artificiais, como o projeto para realização de manutenção corretiva emergencial desses equipamentos e o estudo para viabilizar o compartilhamento deles. Esses dois últimos projetos são dirigidos pelo Laboratório de Engenharia Biomédica da Poli, sendo o último feito com colaboração do Instituto de Física. Levando em conta que a fase grave da COVID-19 se manifesta justamente como uma pneumonia severa, esses trabalhos são cruciais para evitar inúmeras perdas de vidas no Brasil.
Sendo um centro de ensino, a Universidade de São Paulo também tem o papel de educar e informar a população. Entretanto, de modo a alcançar a sociedade como um todo, é necessário que o conteúdo veiculado esteja em uma linguagem fácil e acessível. Pensando nessa inclusão social, o ARGO está desenvolvendo o projeto de Divulgação Científica para compartilhar nas redes sociais uma interpretação de artigos científicos, avanços da ciência e informações gerais sobre a saúde pública brasileira, principalmente sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), tudo isso com um vocabulário simples. Esse tipo de iniciativa se faz relevante, pois, além de ser uma responsabilidade social do setor público, contribui para democratizar o acesso à informação.
Buscando no significado da palavra, universidade é um centro de ensino e pesquisa que abrange diversas áreas de conhecimento. Logo, a interdisciplinaridade, inerente a esses locais, é fundamental no contexto atual de pandemia, pois o intercâmbio de ideias facilita a resolução de problemas. Diante disso, o Instituto de Psiquiatria (IPq) da FMUSP reconhece que a saúde mental do profissional que atua na linha de frente contra a COVID-19 precisa de uma atenção especial e, para desenvolvimento do trabalho, foi firmada uma parceria com o ARGO. Nesse projeto, enquanto o IPq trabalha com a questão biológica/social, os membros do ARGO usam seus conhecimentos de engenharia e design para desenvolver um aplicativo de monitoramento dos profissionais e difusão de conteúdos educativos, com o intuito de prevenir problemas de saúde mental, como burnout. Com essa união de conhecimentos, os resultados são alcançados mais rapidamente, fator crucial nesse momento de luta contra uma doença tão devastadora.
Além disso, levando em consideração que o maior problema do coronavírus é a sua alta capacidade de disseminação, a Universidade de São Paulo certamente está com os olhos voltados a essa problemática. Em relação ao uso de máscaras de proteção, é sabido que a PFF2/N95 é a mais segura atualmente, porém se trata de um EPI descartável. Para contornar a questão da falta desse equipamento, o CITIC_InovaHC (FMUSP) juntamente com o ARGO, IPT, Poli e fundacentro, estão unindo esforços para realizar um estudo sobre métodos de esterilização e o impacto desses métodos na qualidade e segurança daquelas máscaras. Como a propagação do vírus ocorre pelas vias aéreas, as máscaras de proteção são um equipamento muito necessário (mas não suficiente) para evitar novas contaminações.
As universidades públicas têm o compromisso social de servir à população. Elas são centros de pesquisa, ensino e produção de conhecimento no Brasil, sendo a USP, sozinha, responsável por por mais de 20% da produção científica nacional. Agora, diante da guerra mundial contra um vírus, a importância e a atuação desses locais se torna ainda mais visível, sendo a USP um dos destaques na busca pela superação desse desafio. Portanto, ratifica-se o quanto as universidades precisam ser preservadas e valorizadas, uma vez que são um bem público e coletivo que trabalham visando ao desenvolvimento do Brasil.
Argo – Engenharia Biomédica
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