Início: de ditadura a ditadura
Em 1944, O Politécnico foi criado e registrado no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão do Estado Novo de Getúlio Vargas. Na primeira edição, em novembro daquele ano, foi detalhado como o DIP designou O Politécnico como um boletim, o que impedia que anúncios custeassem as despesas da publicação. Apesar da insistência do jornal e, posteriormente, do Grêmio, a decisão de conservar a classificação de boletim partiu do Major Dutra (Almicar Dutra de Meneses), então diretor-geral do DIP.
Fase do Poli Campus: 1964-1981
Durante essa fase, o jornal constantemente se posicionou contra o regime militar. Esses posicionamentos foram marcados, inclusive, por capas que, manifestando-se contra a censura ou referenciando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, foram carimbadas pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), representando, então, o segundo embate entre o jornal e um órgão de censura estatal.
Fora tais publicações, o Poli Campus continuava trazendo textos de opiniões de alunos, posicionamentos gerais do Grêmio e notícias da Poli. Nesse período, diversas tirinhas foram publicadas no jornal, que contava com uma equipe editorial responsável por gerir as edições.
Politreco: anos 80 e 90
Em abril de 1982, surgiu o Politreco, um boletim semanal da Poli oficial do Grêmio Politécnico. Com a participação dos estudantes e de outras entidades estudantis da Poli, ocorriam publicações de todo o tipo no jornal, como avisos, posicionamentos e outras informações. Havia uma comunicação entre os alunos por intermédio do jornal, além de esclarecimentos das gestões do Grêmio e outros variados tipos de textos. Observa-se, nesse período, muitos textos de teor cômico, tirinhas e piadas.
O retorno do nome original
Em 1999, o jornal como veículo oficial do Grêmio Politécnico volta a se chamar “O Politécnico”, retornando à nomenclatura original, que se mantém até as edições atuais.
Nessa fase, ao invés de se criar uma ruptura com o periódico antigo, como nas demais, incluiu-se o Politreco como uma sessão do jornal, focada em textos humorísticos, sátiras etc. Em edições iniciais, isso é visto inclusive com O Politreco possuindo uma equipe distinta da que compunha O Politécnico. Essa tendência se mantém até os dias de hoje, com “Politreco” existindo como uma coluna no jornal.
O jornal sofreu grandes mudanças na diagramação quando comparado às últimas edições do Politreco, alterando, inclusive, o formato e criando versões coloridas. Em 2009, foi remodelado e adquiriu a atual identidade visual, que sofreu poucas alterações desde então. Nesse período, apresentou-se majoritariamente com publicações de frequência bimestral, tendo sido criado o costume de lançar as edições d’O Politécnico num evento chamado “cafezada”, com distribuição de jornais, bolachas e café no espaço do Grêmio.
O Politécnico, Poli Campus e Politreco são a mesma coisa?
Podem ser consideradas quatro fases das publicações oficiais do Grêmio: O Politécnico (1944-1964), Poli Campus (1964-1982), Politreco (1982-1999) e O Politécnico (1999-hoje). Diferem, além do nome, na contagem de anos a partir da criação do jornal: nas edições, era indicado o ano a partir do qual se mudou o nome, isto é, como se fossem, de fato, publicações diferentes. Isso suscita a discussão de se podemos realmente considerar que são o mesmo jornal.
Essa discussão pode ser ainda ampliada para avaliar se o jornal O Politécnico de 1999 em diante é o mesmo das décadas de 40 e 50. De fato, quando houve a mudança de nome em 1999, aquele ano não foi considerado o ano I d’O Politécnico, pois a contagem foi mudada: considerava-se, então, a fundação do primeiro O Politécnico, nos anos 40. Pode-se interpretar, a partir disso, que foi criada uma correlação entre os dois jornais a qual ia além de uma coincidência de nome: trata-se da mesma publicação.
Além dessa ligação, a relação entre o nome “O Politécnico” e “Politreco” é imediata, uma vez que o segundo é corruptela do primeiro. A despeito dessa relação, o Politreco apresentava contagem de anos própria, e os seus editores consideravam-no uma publicação original. Já o nome “Poli Campus” é o mais destoante, remanescendo apenas o “Poli”, fora a contagem de anos independente das contagens dos demais.
No entanto, o que une todas essas publicações é o fato de serem jornais mantidos como órgãos oficiais do Grêmio Politécnico, diferentes em suas épocas. Os conteúdos, modo de ser realizado e, por vezes, até os nomes são semelhantes. Ainda que tenham suas identidades e trajetórias próprias, o fato de serem “o jornal oficial do Grêmio Politécnico” permite agrupá-los numa única história.
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