Nossa história

Início: de ditadura a ditadura

Em 1944, O Politécnico foi criado e registrado no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão do Estado Novo de Getúlio Vargas. Na primeira edição, em novembro daquele ano, foi detalhado como o DIP designou O Politécnico como um boletim, o que impedia que anúncios custeassem as despesas da publicação. Apesar da insistência do jornal e, posteriormente, do Grêmio, a decisão de conservar a classificação de boletim partiu do Major Dutra (Almicar Dutra de Meneses), então diretor-geral do DIP.

Capa da 1ª Edição d’O Politécnico
Tal designação se deve à relação dos politécnicos com o Estado Novo. Já havia uma campanha do Grêmio contra a ditadura varguista, e o jornal endossou essa atuação. A pressão se manteve, e, em abril de 1945, O Politécnico defendeu a anistia aos presos políticos do regime.

Nos anos seguintes, o jornal seguiu seu padrão de manter um diretor responsável e, a partir da 12ª edição, foi integrado ao Grêmio Politécnico definitivamente. Houve, nessa época, publicações sobre a Casa do Politécnico, além de trazer à Poli a questão da presença feminina na faculdade, com um texto redigido por politécnicas anunciando a criação, ainda na década de 50, do Departamento Feminino. Nas publicações seguintes, diversos posicionamentos do Grêmio foram veiculados por meio do jornal por participações e campanhas, além de novidades, como a criação do Banco Politécnico. Entre 1962 e 1964, houve a publicação da sessão “Universidade Popular”, que propunha ligações entre os universitários e o povo.

Fase do Poli Campus: 1964-1981

Capa do “Poli Campus” em abril de 1973, feita por Guido Stolfi e carimbada pelo DOPS.

A partir de 1964, com o início da ditadura militar no Brasil, foram impostas diversas dificuldades ao Grêmio, que refletiram no jornal, como a mudança do local do Grêmio de Bom Retiro para a Cidade Universitária. Apesar de existirem publicações d’O Politécnico sob esse nome ainda em junho, em abril de 1964, o jornal Poli Campus (também grafado como “Poli-Campus”) já  se tornava o novo veículo oficial do Grêmio Politécnico. Essa mudança se acentuou nos anos seguintes, e, durante toda a década de 70, o jornal utilizou esse nome.

Durante essa fase, o jornal constantemente se posicionou contra o regime militar. Esses posicionamentos foram marcados, inclusive, por capas que, manifestando-se contra a censura ou referenciando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, foram carimbadas pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), representando, então, o segundo embate entre o jornal e um órgão de censura estatal.

Fora tais publicações, o Poli Campus continuava trazendo textos de opiniões de alunos, posicionamentos gerais do Grêmio e notícias da Poli. Nesse período, diversas tirinhas foram publicadas no jornal, que contava com uma equipe editorial responsável por gerir as edições.

Politreco: anos 80 e 90

Em abril de 1982, surgiu o Politreco, um boletim semanal da Poli oficial do Grêmio Politécnico. Com a participação dos estudantes e de outras entidades estudantis da Poli, ocorriam publicações de todo o tipo no jornal, como avisos, posicionamentos e outras informações. Havia uma comunicação entre os alunos por intermédio do jornal, além de esclarecimentos das gestões do Grêmio e outros variados tipos de textos. Observa-se, nesse período, muitos textos de teor cômico, tirinhas e piadas.

Logo clássico do Politreco

Trata-se de uma fase extremamente bem documentada, pois, há anos, a grande maioria das mais de 250 edições do Politreco feitas entre os anos de 1982 e 1995 estão digitalizadas.

Representação da Minerva usada por anos no Politreco.

Havia, uma preocupação com a política no país. Nas eleições de 1989, a coluna “Acorda, Brasil” foi adicionada, com informações sobre posicionamentos de políticos dentro da constituinte e de votos na Câmara. Também foi realizada, junto à eleição da diretoria do Grêmio, uma pesquisa da intenção de votos dos politécnicos, que indicava a vitória de Mario Covas com mais de 55%. Houve, principalmente, diversas mudanças de formatos e de periodicidade da publicação, que deixou de ser quinzenal a partir do início dos anos 90. O Politreco seguiu como veículo oficial do Grêmio até o ano de 1999, quando outras iniciativas de divulgação interna circulavam, como a revista “Metrópoli”.

O retorno do nome original

Capa da 2ª edição após a mudança de nome

Em 1999, o jornal como veículo oficial do Grêmio Politécnico volta a se chamar “O Politécnico”, retornando à nomenclatura original, que se mantém até as edições atuais.

Nessa fase, ao invés de se criar uma ruptura com o periódico antigo, como nas demais, incluiu-se o Politreco como uma sessão do jornal, focada em textos humorísticos, sátiras etc. Em edições iniciais, isso é visto inclusive com O Politreco possuindo uma equipe distinta da que compunha O Politécnico. Essa tendência se mantém até os dias de hoje, com “Politreco” existindo como uma coluna no jornal.

Cafezada em 2018

O jornal sofreu grandes mudanças na diagramação quando comparado às últimas edições do Politreco, alterando, inclusive, o formato e criando versões coloridas. Em 2009, foi remodelado e adquiriu a atual identidade visual, que sofreu poucas alterações desde então. Nesse período, apresentou-se majoritariamente com publicações de frequência bimestral, tendo sido criado o costume de lançar as edições d’O Politécnico num evento chamado “cafezada”, com distribuição de jornais, bolachas e café no espaço do Grêmio.


O Politécnico, Poli Campus e Politreco são a mesma coisa?

Podem ser consideradas quatro fases das publicações oficiais do Grêmio: O Politécnico (1944-1964), Poli Campus (1964-1982), Politreco (1982-1999) e O Politécnico (1999-hoje). Diferem, além do nome, na contagem de anos a partir da criação do jornal: nas edições, era indicado o ano a partir do qual se mudou o nome, isto é, como se fossem, de fato, publicações diferentes. Isso suscita a discussão de se podemos realmente considerar que são o mesmo jornal.

Essa discussão pode ser ainda ampliada para avaliar se o jornal O Politécnico de 1999 em diante é o mesmo das décadas de 40 e 50. De fato, quando houve a mudança de nome em 1999, aquele ano não foi considerado o ano I d’O Politécnico, pois a contagem foi mudada: considerava-se, então, a fundação do primeiro O Politécnico, nos anos 40. Pode-se interpretar, a partir disso, que foi criada uma correlação entre os dois jornais a qual ia além de uma coincidência de nome: trata-se da mesma publicação.

Além dessa ligação, a relação entre o nome “O Politécnico” e “Politreco” é imediata, uma vez que o segundo é corruptela do primeiro. A despeito dessa relação, o Politreco apresentava contagem de anos própria, e os seus editores consideravam-no uma publicação original. Já o nome “Poli Campus” é o mais destoante, remanescendo apenas o “Poli”, fora a contagem de anos independente das contagens dos demais.

No entanto, o que une todas essas publicações é o fato de serem jornais mantidos como órgãos oficiais do Grêmio Politécnico, diferentes em suas épocas. Os conteúdos, modo de ser realizado e, por vezes, até os nomes são semelhantes. Ainda que tenham suas identidades e trajetórias próprias, o fato de serem “o jornal oficial do Grêmio Politécnico” permite agrupá-los numa única história.

 

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